Pós-graduação: é melhor fazer após a faculdade ou empregado?

Edição da Folha Carreiras explica como escolher a especialização ideal no início de carreira

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São Paulo

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tema da semana: pós-graduação para profissionais em início de carreira

Pós-graduando pode estagiar? Como escolher a especialização que mais combina com seu perfil? Preparei um guia de respostas às principais dúvidas sobre esse assunto. Segue o fio:

1 - Quais são os tipos de pós-graduação?

  • Lato sensu: especializações voltadas para o mercado de trabalho com teor mais técnico, como MBAs (focados em cursos de gestão e administração). O foco é atualizar e expandir conhecimentos da graduação para o mercado.
  • Stricto sensu: são programas de mestrado e doutorado voltados para o desenvolvimento de pesquisa acadêmica.
Para fazer uma pós-graduação, é preciso ter concluído o ensino superior, mas é possível se especializar em uma área diferente da de formação - Iijeab / Adobe Stock

2 - Quem pode fazer?

  • Todos aqueles que concluíram o ensino superior. Não é possível fazer a graduação e qualquer tipo de pós-graduação simultaneamente.

3 - Pós-graduando pode fazer estágio?

  • Sim. Mas... depende da faculdade. A Lei do Estágio não é específica sobre isso. É incomum que as faculdades assinem estágios assim, e é difícil as empresas contratarem graduados como estagiários, diz Victor Grinberg, coordenador-geral da pós-graduação da Faap.
  • A área de direito é uma exceção, afirma Grinberg. É comum ter esse tipo de contratação —pós-graduandos como estagiários— por ser um ramo que requer especializações.

4 - Posso fazer uma pós-graduação fora da minha área de formação?

  • Sim. Não há uma correlação obrigatória ou pré-requisito.

5 - Faço a pós-graduação assim que sair da faculdade ou é melhor apostar primeiro nas experiências profissionais?

Os especialistas deram dois caminhos para essa pergunta:

Para quem investe primeiro na pós-graduação:

  • Vantagens: permite um melhor direcionamento de carreira em uma área com que tem afinidade acadêmica. O envolvimento com professores e colegas que já estão no mercado pode ajudar na inserção do aluno no ramo profissional, diz Priscila de Souza, presidente da Abipg (Associação Brasileira das Instituições de Pós Graduação).

Para quem prefere fazer depois de já estar trabalhando:

  • "É útil ingressar na especialização tendo o que discutir, além de só querer aprender. Enquanto a graduação te dá a formação, a pós tem o objetivo de especializar o aluno para se tornar um profissional melhor", diz Lilian Cidreira, especialista em carreiras e professora em cursos de MBA da ESPM com o tema de liderança e inteligência emocional.
  • Vantagens: o aluno conhece os desafios daquela área e aproveita a pós para se aprofundar em pontos que precisa melhorar na carreira. Além de já ingressar em um curso na área em que deseja se especializar.

Na seção Vida de Pós-graduando, você encontra esses exemplos. Dá um scroll!

6 - Quais os benefícios de fazer a pós para a carreira?

  • Aprimorar sua imagem profissional: lideranças veem a pós-graduação como um sinal de que a pessoa busca crescimento.
  • Atualização de conhecimentos: o profissional não fica refém do que aprendeu na graduação. O mundo está sempre evoluindo e a pós tem esse propósito de trazer as tendências de mercado, afirma Cidreira.
  • Atrativo para vagas: é um diferencial no seu currículo e pode te ajudar a se destacar nos processos seletivos.

7 - Aliás, a pós-graduação é uma forma de conseguir emprego?

  • Sim, principalmente se busca recolocação no mercado. Para Cidreira, o profissional pode também usar a especialização para amplificar seu networking.

8 - Como escolher a pós-graduação ideal?

  • Não faça qualquer uma que vê pela frente. Pesquise, por exemplo, a grade curricular para avaliar se será um aprendizado alinhado com sua carreira.
  • Por que? Há pessoas que terminam a graduação e emendam uma pós só por acharem que o mercado quer isso. Desta forma, será difícil aproveitar o conteúdo da especialização. Pode acabar tendo aulas que não fazem sentido com seus objetivos profissionais, diz Cidreira.
  • Não escolha só pelo valor do curso. Foque em avaliar qual será o corpo docente e os conteúdos.
  • Por que? Pesquise se os professores têm experiência para te ensinar o conteúdo que você está procurando. Por exemplo, há muitas especializações de marketing proliferando, mas, às vezes, o docente nunca trabalhou em uma agência ou fez pesquisas na área, explica Grinberg.

Vida de pós-graduando

Jovens dão dicas para quem deseja seguir esse caminho.

Drieli Oliveira - news carreiras
Drieli Oliveira, 26. faz MBA em gestão empresarial na USP e trabalha como analista de comercialização de energia na companhia de celulose Bracell - Leitor

Drieli começou o MBA depois de sete meses da conclusão do curso de engenharia ambiental. Ela explica que queria entender em qual ramo gostaria de se aprofundar antes de entrar na pós-graduação.

Por que optou pelo MBA? "A engenharia é muito ampla. Dependendo da onde deseja trabalhar é preciso se especializar num ramo específico. Hoje, como atuo no campo dos negócios aqui na Bracell, vi a oportunidade de fazer o MBA para me aprofundar mais nessa área."

Dicas para quem deseja fazer MBA:

  • Já na faculdade: "Aproveite para fazer mais de um estágio em áreas diferentes para perceber qual ramo você gosta. Muitos fazem uma pós apenas por fazer e, depois, percebem que nem era a área que gostariam de seguir. Reflita se você quer ser um especialista e trabalhar com isso não só neste momento, mas por alguns anos".
Victor Zamberlan - news carreiras
Victor Zamberlan, 26, mestrando do programa de comunicação da Unesp, ele pesquisa estudos de mídia, cultura inovativa e arranjos criativos locais - Leitor

Victor é bolsista da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que exige dedicação exclusiva do aluno, ou seja, ele não pode ter nenhum vínculo empregatício. Ele ingressou no mestrado no fim da faculdade de jornalismo.

Por que optou pelo mestrado? Victor já fazia pesquisa acadêmica durante a graduação em um laboratório da Unesp. "Estudo um campo que é chamado de área de fronteira, onde há oportunidades dentro da pesquisa e do mercado de trabalho. O mestrado dá a oportunidade de me especializar mais", explica.

↳ Para ele, a garantia da bolsa também deu estabilidade financeira para optar pelo mestrado enquanto se prepara para o mundo profissional.

Dicas para quem deseja fazer mestrado:

  • Perfil: "[Ter um] perfil de cientista: uma pessoa que queira entender o mundo e que esteja aberto a se deparar com resultados e, eventualmente, situações que não esperava. O trabalho em equipe também é importante, por isso é bom ser uma pessoa que saiba se relacionar."
  • Na hora de buscar um mestrado: "Não se preocupe em ter em mente um projeto de pesquisa definido. É preciso ter um norte daquilo que deseja pesquisar. Por isso, faça um passo a passo: pesquise por programas de pós-graduação no país, que estudam a área que deseja. Avalie os laboratórios de pesquisa, os professores e as disciplinas".
  • Por que? Essa busca te ajudará a encontrar um programa alinhado ao seu perfil. Para Victor, todo trabalho de pesquisa é um trabalho de relacionamento que o aluno desenvolve com o pesquisador, com o orientador ou com seus colegas de pesquisa, por isso é importante que haja essa sinergia.

Não fique sem saber

Explicamos dois assuntos do noticiário para você.

O que querem os projetos de lei antitrans na política brasileira

Uma ofensiva legislativa contra pessoas trans está em alta no Brasil. Levantamento da Folha mostra que pelo menos 69 projetos de lei antitrans foram apresentados desde o começo deste ano em nível federal, estadual e municipal.

O que querem esses projetos? Grande parte busca proibir a chamada linguagem neutra em escolas e na administração pública.

  • Por que? Os legisladores alegam que neologismos como "todes" e os pronomes neutros "elu/delu" ferem a gramática portuguesa.
  • Por outro lado… Os adeptos à linguagem neutra acreditam que seu banimento pode levar à estigmatização de pessoas não binárias.

Mas não é só isso: algumas propostas buscam impedir o acesso de crianças e adolescentes trans a procedimentos médicos e querem estabelecer o sexo biológico como único critério para determinar o gênero de competidores em torneios esportivos.

Quem é responsável pela maioria desses projetos? O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Ouça no podcast Café da Manhã os avanços e os retrocessos nos direitos de pessoas trans.

Veja no programa Como é que é?, da TV Folha, o o que querem os projetos de lei contra pessoas trans.

Conheça a série de reportagens Quilombos do Brasil

Ao longo de um ano, a Folha pretende retratar quais impactos dos quilombos e quilombolas na economia e na cultura, além de debater os desafios dessas comunidades no Brasil. Os textos serão publicados semanalmente.

Antes, o que significa a palavra quilombo? O repórter Tayguara Ribeiro explica:

  • Origem: vem do idioma quimbundo, uma língua africana derivada do bantu, falada principalmente pelos povos da região na qual fica atualmente Angola.
  • Significado: local de descanso ou local para acampamento —no período pré-colonial, boa parte dos povos que viviam naquele local da África eram nômades.
  • Histórico: os quilombos surgiram na época da colonização brasileira como resposta à violência praticada pelos portugueses e, depois, por seus descendentes, contra os negros que foram trazidos à força para o Brasil, vindos da África.

Qual a situação no Brasil? O país tem ao menos 6.000 quilombos e aproximadamente 386.750 quilombolas, que sofrem com falta de acesso à terra e a políticas públicas básicas como saúde e educação. A maior parte dos agrupamentos está concentrado no Nordeste.

  • Aliás, na última terça (21), o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu cinco títulos de terra a três comunidades quilombolas em Minas Gerais e Sergipe.
  • Por que isso importa? As comunidades beneficiárias aguardavam havia mais de uma década pelo avanço em sua titulação.

Entrevista da 2ª: Quilombos precisam ser vistos como questão agrária mais ampla, diz historiador Flávio Gomes.

Colunistas: Sem regularizar os territórios quilombolas, todas as políticas públicas ficarão no vazio, escreve Givânia Silva na coluna da Folha Desigualdades.

Encontre sua vaga -> Veja oportunidades de emprego para estágio, trainee ou efetivo aqui.

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