Descrição de chapéu Vida Pós-Vírus

Como a pandemia vai mudar a cara e a organização dos apartamentos

Imóveis arejados e espaçosos, com revestimentos fáceis de limpar, devem ser mais valorizados, segundo arquitetos

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São Paulo

Antes da pandemia, a tendência nas metrópoles era construir apartamentos cada vez menores, em prédios com áreas compartilhadas. O isolamento mudou tudo: colocou as pessoas em casa, e a casa no centro das atenções.

Segundo arquitetos, várias transformações, como a adoção do home office, vieram para ficar. Depois da quarentena, outras novidades, como o uso de bicicletas para se locomover, podem mudar ainda mais a cara das residências. Veja essas e outras previsões.

Escritórios planejados

Os novos empreendimentos residenciais já devem ser entregues com um espaço reservado para home office.

Quando não há área disponível, uma opção é a volta de escrivaninhas nos quartos, prática comum nos anos 1990. Em dormitórios pequenos, é possível fazer esse móvel em uma versão retrátil, afirma Mila Strauss, arquiteta da MM18.

Já nos espaços de coworking em áreas comuns dos condomínios, ganha força os chamados "phone booths", espécie de casinha reservada, para evitar a proximidade física entre os moradores. A divisória pode ser feita nos corredores dos prédios, diz Strauss.

Espaço para descontaminação

Criar um área para deixar sapatos, roupas e compras, de preferência na entrada da casa, é uma tendência trazida pelo coronavírus.

"No Japão, o hall é usado para deixar os sapatos. Agora isso chega para nós", diz a arquiteta Fernanda Rubatino.

Segundo Mila Strauss, é possível incluir isso já no projeto dos edifícios, com um local reservado para deixar calçados do lado de fora dos apartamentos. "É um hábito que deixa a casa mais limpa", afirma.

Decoração confortável

As últimas feiras de arquitetura e design já destacavam o uso de materiais naturais, de acordo com Rubatino.

Para ela, mais tempo em casa vai significar mais busca por conforto. O estilo escandinavo "hygee" é um dos que devem ser adotados nos projetos. "É um estilo que busca a memória, o uso de texturas que trazem aconchego", diz.

Materiais fáceis de limpar

Tudo o que for poroso deve ser evitado pela dificuldade de higienização, afirma o arquiteto Eduardo Manzano, especialista na área de hospitalidade e em planejamento de cidades inteligentes.

Pedras e madeiras rústicas devem cair em desuso. Já granitos, porcelanatos e rejuntes de epóxi podem se tornar escolhas mais frequentes.

Isso não significa, no entanto, que as casas vão ser todas revestidas de porcelanato. Espera-se que a indústria desenvolva uma gama maior de produtos para higienização, diz Teresa Mascaro, arquiteta.

Cozinhas com mais armários

A pandemia fez com que as pessoas cozinhassem mais, e essa revolução deve ter impacto nas cozinhas. Segundo Manzano, o cômodo ganhou importância e vai ter que ser repensado: "Não adianta fazer uma cozinha com um metro e vinte de largura", diz.

O ambiente ganha outra função: a de armazenar compras. Para quem não tem despensa, a ideia é usar armários altos para estoque de não perecíveis, sugere Mila Strauss.

A área de serviço, que diminuiu com o tempo nos apartamentos, pode ser usada para completar o arsenal culinário com uma hortinha de temperos, diz a arquiteta.

Bicicleta como transporte

Em países como a França, o relaxamento da quarentena veio com políticas para impulsionar o uso da bicicleta, que traz menos risco de contágio que transportes públicos.

Além dos já conhecidos ganchos para pendurar as bikes em casa, é esperado que os condomínios tenham mais espaço para guardá-las.

Em um de seus projetos de prédios, Mila Strauss vai criar um ambiente com tomadas para bikes elétricas e um armário de ferramentas básicas.

Plantas maiores

Durante a quarentena, pessoas que moram em apartamentos têm procurado espaços maiores e casas, afirma Teresa Mascaro. "Elas querem estar mais perto da natureza, com mais verde", diz.

Na busca por ambientes arejados, imóveis antigos, que costumam ter janelas e plantas maiores, devem ser mais buscados, diz Manzano.

Para garantir ambientes funcionais, alguns espaços poderão ser sacrificados. É o caso da varanda gourmet, que perdeu parte da sua função de receber eventos. Segundo o arquiteto, ela pode ceder espaço para a construção de um escritório, por exemplo.

A incógnita, segundo o Manzano, são os imóveis pequenos, de cerca de 30 m². "Muita gente tem falado que os projetos serão modificados para mobiliários mais funcionais. Mas as pessoas estão mais em casa, não sei como fica a sanidade delas", afirma.

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