MBAs preparam profissionais para o mercado de energias renováveis

Investimento crescente em fontes sustentáveis de energia abre oportunidades na área

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São Paulo

O crescimento do setor de energia renovável fez surgir cursos de MBA com foco no tema. O objetivo dos programas é formar profissionais capazes de compreender o panorama da área e gerir projetos de geração e distribuição eficiente de energia.

"Essa nova demanda tem muito a ver com as mudanças climáticas e a necessidade de diminuir o consumo de combustível fóssil", diz Anadalvo Santos, engenheiro florestal e coordenador do MBA de gestão estratégica em energias naturais renováveis do programa de educação continuada em ciências agrárias da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

O Acordo de Paris determina que as temperaturas globais não ultrapassem a marca de 2 graus Celsius acima de níveis pré-industriais.

Painéis de energia solar da montador BYD, em Campinas (SP)
Painéis de energia solar da montador BYD, em Campinas (SP) - Eduardo Knapp/Folhapress

Para atingir a meta, os países precisarão investir na transição energética, adotando fontes de energia verdes e reduzindo emissões de carbono.

O Brasil, um dos signatários, está em posição de vantagem para atingir esse objetivo. Segundo a EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas) do Ministério de Minas e Energia, as matrizes renováveis respondem por 47% da energia gerada no país —contra 15% da média mundial.

Criado em 2017, o curso da UFPR tem foco na gestão de projetos de energia sustentável —com aulas sobre panorama regulatório, impacto ambiental de energias renováveis e módulos específicos para cada fonte de energia.

Para Santos, as faculdades de engenharia ainda deixam em segundo plano as fontes verdes– principalmente a eólica e solar. Por isso, os alunos buscam se especializar. Entre os estudantes, há engenheiros, agrônomos, advogados e administradores de empresas.

Um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) e da Organização Internacional do Trabalho das Nações Unidas estima em 1,2 milhão os postos de trabalho no setor no Brasil. A maior parte está na produção de biocombustíveis (874 mil).

O Ipog (Instituto de Pós-graduação e Graduação) também oferece um curso na área. Alan Nascimento, coordenador, diz que um dos diferenciais da instituição é o corpo docente, com profissionais que atuam no mercado de energia.

"Quando o aluno faz uma pergunta, o professor nunca cita um livro ou uma teoria", diz. "Ele responde assim: 'Mês passado eu tive a seguinte experiência'."

A ideia do curso, diz Nascimento, é que o aluno saia com domínio da teoria e de sua aplicação prática. Segundo ele, a maior parte já trabalha no setor de energia. O corpo docente é formado principalmente por engenheiros eletricistas.

Luisa Valentim Barros, da consultoria WayCarbon, diz que o sentimento geral no mercado é de que faltam profissionais para atender à demanda gerada pelo crescimento, principalmente em áreas emergentes como biogás, biometano e hidrogênio.

Barros defende que esses programas sejam, ao mesmo tempo, mais específicos e mais abrangentes.

"Os cursos precisam expandir para além dos aspectos meramente técnicos, trazendo uma discussão sobre mudanças climáticas", diz. "Mas também precisamos de cursos voltados especificamente a cada fonte de energia renovável, de forma a preencher as lacunas de mercado."

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