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Nintendo quer acabar com atraso no lançamento de produtos no Brasil

Bill van Zyll, diretor da empresa japonesa, explica dificuldades para localização de jogos no país

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São Paulo

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Desde que retornou ao Brasil, a Nintendo vem ampliando sua aposta no mercado local. Em outubro, a empresa japonesa deu mais um passo nessa direção ao anunciar o início da venda de jogos em mídia física no país. E as novidades não devem parar por aí.

"Cada vez estamos trazendo mais produtos e serviços, mas ainda falta. Onde eventualmente queremos chegar é lançar nossos produtos no Brasil na mesma data do lançamento mundial", afirma Bill van Zyll, diretor sênior e gerente geral para a América Latina da Nintendo, que esteve no Brasil para conferir o estande da empresa na BGS (Brasil Game Show).

Estade da Nintendo na Brasil Game Show, realizada no Expo Center Norte
Estade da Nintendo na Brasil Game Show, realizada no Expo Center Norte - Zanone Fraissat - 7.out.22/Folhapress

A Nintendo havia encerrado suas atividades no Brasil em 2015 culpando o "ambiente local de negócios" por deixar seu modelo de distribuição insustentável. A empresa só voltou a atuar diretamente no Brasil em setembro de 2020, quando lançou (com três anos de atraso) o Switch no país.

"Nunca nos esquecemos do Brasil. Sempre foi um mercado muito importante, mas tivemos que começar do zero em relação ao modelo que tínhamos para o país anos atrás. Foi o tempo necessário para que pudéssemos fazer esse retorno de forma que funcionasse para nós e para o mercado no longo prazo", diz Van Zyll.

Em entrevista à Folha, o executivo fala também dos desafios da Nintendo para localizar jogos para o português brasileiro e sobre a precificação de seus principais lançamentos.

A Nintendo lançou o Switch no Brasil em setembro de 2020, quase três anos depois do lançamento global. Por que demorou tanto? Primeiro tínhamos que desenvolver nosso plano de negócio, nosso plano de distribuição para o Brasil. Também tivemos que adaptar o produto para o país, como [adequação às regras da] Anatel e mudar a tomada. Tudo isso demorou algum tempo, mas nunca nos esquecemos do Brasil. Sempre foi um mercado muito importante, mas tivemos que começar do zero em relação ao modelo que tínhamos para o país anos atrás. Foi o tempo necessário para que pudéssemos fazer esse retorno de forma que funcionasse para nós e para o mercado no longo prazo. Nosso foco é manter um crescimento contínuo e estável.

Existe o plano de abrir uma fábrica no Brasil? Atualmente não. Estamos concentrados em trabalhar com distribuidores bem estabelecidos no país, que conhecem o mercado e como trabalhar com os varejistas aqui no Brasil. Para nós está funcionando muito bem, eles nos ajudam a trazer o produto para o país como deve ser.

Qual é o próximo passo para a Nintendo no país? Continuar com esse trabalho e chegar a disponibilizar todos os produtos e serviços que a Nintendo oferece em outros países. Estamos correndo atrás disso. Cada vez estamos trazendo mais produtos e serviços, mas ainda falta. Onde eventualmente queremos chegar é lançar nossos produtos no Brasil na mesma data do lançamento mundial. É a missão que meu chefe me deu, mas fazemos pelos consumidores e pelos nossos fãs. Vamos demorar um pouco para chegar lá, mas essa é a nossa meta.

A Nintendo anunciou o início da venda de jogos em mídia física no Brasil. Dos títulos que a empresa está lançando, qual o sr. acredita que terá mais sucesso com o público brasileiro? Acredito que todos vão fazer sucesso, porque são os chamados "evergreens", que continuam vendendo mesmo depois do lançamento. Mas um que tenho que destacar é "The Legend of Zelda: Breath of the Wild". Esse jogo faz mais sucesso no Brasil do que em outros países da América Latina. Mais até do que nos EUA. Acho que porque remete aos jogos clássicos de "Zelda", que sempre fizeram sucesso com os nintendistas no Brasil. Até por isso temos grandes expectativas para o lançamento de "Tears of the Kingdom" no país, em maio.

E não podemos deixar de mencionar Pokémon. Temos o "Pokémon Legends: Arceus" e vamos lançar em breve mais dois jogos ["Pokémon Scarlet e Violet"]. Escolhemos dez [títulos para lançar em mídia física no Brasil], mas brevemente chegará também Pokémon. Acreditamos que todos os jogos vão vender muito bem.

Falando de Pokémon, quando foi anunciado que "Scarlet e Violet" não chegariam ao Brasil com localização para português houve muita reclamação dos fãs. Como é feita a escolha de que jogos serão ou não localizados? Estamos em um processo de desenvolver nossas capacidades e recursos. A cada jogo desenvolvido avaliamos e tomamos as decisões de acordo com aquilo que é possível. Pedimos [para localizar] todos os jogos, mas ainda não chegamos nesse ponto.

Quais são as dificuldades para localizar um jogo para o Brasil? A localização é algo muito diferente da tradução. A tradução pode ser algo bem simples, mas na localização tentamos capturar toda a emoção e o humor do game em uma nova língua, e isso custa bastante. A Nintendo é muito dedicada e comprometida com a qualidade dos seus produtos e a experiência do seu consumidor. Se temos uma situação em que um jogo não está pronto, esperamos até que esteja. Um exemplo é "The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom". Agora temos uma data de lançamento, mas adiamos porque o jogo não estava no nível que era necessário.

A localização é demorada, queremos fazer bem feito e estamos ainda desenvolvendo os recursos para fazê-la. Temos já vários jogos [localizados para o português]. A intenção é ampliar essa capacidade e localizar mais e mais títulos para o Brasil.

Esse processo é feito pela própria Nintendo ou por uma empresa terceirizada? Devido a esse compromisso com a qualidade, a maior parte desse processo é feito internamente. Por um lado, isso garante a ótima qualidade da localização, mas, por outro, acaba demorando um pouco mais, inclusive para desenvolver essa expertise.

Um homem de vermelho, de meia idade, sorri enquanto segura consoles Nintendo Switch nas duas mãos. Ao fundo, o logo da Nintendo
Bill van Zyll segura consoles Nintendo Switch no estande da empresa na BGS (Brasil Game Show) - Tiago Ribas - 8.out.22/Folhapress

No Brasil há uma cultura muito enraizada de pirataria de jogos. Isso foi um obstáculo para o retorno da Nintendo ao Brasil? Não. A pirataria é um problema que existe no mundo todo, então não influenciou. Sempre estamos vendo o que podemos fazer para minimizar os efeitos da pirataria, mas é um problema global, não apenas do Brasil.

Uma queixa comum no Brasil é quanto ao preço dos jogos. Principalmente em relação aos títulos da própria Nintendo e à falta de promoções para esses jogos. Por que a empresa adota essa política de preços? Sempre buscamos a forma mais eficiente de trazer nossos jogos a todos os mercados. No Brasil, nosso objetivo é que eles sejam tão acessíveis para o consumidor brasileiro quanto for possível. Dessa forma cumprimos nossa missão de fazer as pessoas sorrirem. Estamos sempre analisando como podemos ser mais eficientes e trazer essas experiências de uma forma mais acessível. Não há uma diferença entre como estabelecemos os preços para o Brasil e para outros países. O que existe são realidades do país que impactam nos preços, por exemplo o câmbio, os impostos e também os custos de distribuição. Quanto à diferença dos preços, há jogos mais simples, que requerem menos recursos e, portanto, são mais baratos. E há jogos que requerem um nível de recursos e de desenvolvimento tão grande que, se quisermos fazer esse tipo de jogo, terá um custo. No final, é um equilíbrio. Tentamos fazer o jogo mais acessível, mas temos que levar em conta também o tipo de jogo e sua complexidade.

Tanto a Sony quanto a Microsoft estão investindo em planos de assinatura de games. A Nintendo tem o Nintendo Switch Online, mas que funciona de outra forma. A empresa cogita seguir o caminho dos seus concorrentes? As coisas estão mudando e se desenvolvendo no mercado. Cada plataforma está seguindo um caminho e a situação de cada uma delas é também um pouco diferente. Nossa assinatura dá a possibilidade de jogar online e jogar games clássicos de NES e Super Nintendo, que são super populares aqui no Brasil. Agora também incluímos jogos de Nintendo 64. Então cada vez tem mais jogos que estamos disponibilizando por assinatura. Ainda não estamos no nível do que alguns outros estão fazendo, mas tenho certeza que continuaremos evoluindo.

Há um plano para levar jogos de outros consoles, como o Wii, por exemplo, para o Switch Online? Por enquanto não temos nenhuma informação. O que podemos notar é que começamos com NES e Super Nintendo e agora já estamos chegando no Nintendo 64… Então, veremos.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Age of Empires 4

(PC)

No último dia 15, a franquia "Age of Empires" completou 25 anos. Para comemorar, nada melhor do que experimentar "Age of Empire 4", lançado no ano passado após 16 anos sem um título inédito da série para PC. O game usa como cenário a Idade Média e mantém mecânicas que transformaram a série em um clássico dos jogos de estratégia em tempo real, o que sem dúvida vai agradar os fãs da franquia, em especial aqueles que jogaram "Age of Empires 2" quando eram mais jovens. "Age of Empire 4" está disponível gratuitamente para assinantes do Xbox Game Pass nos PCs e deve chegar no ano que vem aos consoles da Microsoft.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • O primeiro jogo da franquia "The Witcher", lançado em 2007, ganhará um remake. A CD Projekt Red anunciou que o game está em desenvolvimento sob o codinome "Canis Majoris" com o motor gráfico Unreal Engine 5. Segundo a empresa, desenvolvedores veteranos que trabalharam nos dois últimos jogos da série estão entre os responsáveis pelo remake.
  • A Microsoft revelou que ficou bem abaixo da meta de crescimento para o serviço de assinatura de games Xbox Game Pass. A empresa havia estabelecido como objetivo um crescimento de 73% no número de assinantes do serviço no ano fiscal que terminou em julho, mas o crescimento foi de apenas 28%. É a segunda vez que a empresa fica aquém de sua previsão após ter superado as expectativas em 2020.
  • Junto com as comemorações de 25 anos da franquia "Age of Empires", a Microsoft anunciou "Age of Mythology: Retold", um remake do jogo de estratégia em tempo real com temática mitológica "Age of Mythology". O novo título promete renovar esse clássico com gráficos modernos e jogabilidade atualizada e criar uma edição definitiva do game.
  • Em entrevista jornal The Wall Street Journal, o chefe da Xbox Phil Spencer afirmou que a Microsoft pretende enfrentar o duopólio da Apple e da Microsoft no mercado de jogos mobile e que, para isso, é fundamental que a compra da Activision Blizzard pela empresa seja aprovada. O executivo também afirmou que, mesmo após o negócio ser fechado, a série "Call of Duty" continuará a ser lançada nos consoles PlayStation "enquanto isso fizer sentido".
  • O lançamento do game "The Callisto Protocol", título de terror espacial desenvolvido pelo criador da franquia "Dead Space", foi cancelado no Japão. Segundo o estúdio Striking Distance, responsável pelo jogo, a agência de classificação indicativa japonesa considerou o jogo violento demais e pediu mudanças para que ele pudesse ser lançado no país. O estúdio não aceitou o pedido.
  • Sefton Hill e Jamie Walker, fundadores do estúdio Rocksteady (responsável pela série "Batman: Arkham"), anunciaram que estão deixando a empresa. Em um post no blog do estúdio, os desenvolvedores afirmam que estão saindo da empresa para "começar uma nova aventura nos games".

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

3.nov

"How to Say Goodbye": preço não disponível (PC, Switch, iOS, Android)

"The Chant": R$ 199,50 (PC, PS 5), R$ 215 (Xbox X/S)

"The Entropy Centre": preço não disponível (PC, Xbox One/X/S, PS 4/5)

"WRC Generations": R$ 147,45 (Xbox One/X/S), R$ 199,50 (PS 4/5), preço não disponível (PC)

4.nov

"Harvestella": R$ 249,90 (PC), R$ 299,90 (Switch)

"It Takes Two": R$ 199 (Switch)


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