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Sucesso do Google faz Alphabet superar crise publicitária

Controladora do Google retoma crescimento de vendas, enquanto redução de anúncios paralisa o YouTube

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Nico Grant
San Francisco

Depois de anos de crescimento financeiro fácil e sucesso popular, a Alphabet, empresa controladora do Google, enfrentou nos últimos meses crescentes dúvidas sobre seu futuro. Ela está sob pressão para fornecer tecnologia de inteligência artificial, viu o crescimento das vendas desacelerar e anunciou a demissão de 12 mil funcionários para cortar custos.

Na terça-feira (25), o Google minimizou algumas dessas questões, retomando o crescimento das vendas e desafiando a desaceleração da publicidade digital.

A empresa registrou receita de US$ 69,8 bilhões no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 3% em relação ao ano anterior e superando a estimativa média dos analistas, de US$ 68,9 bilhões. Seus lucros caíram 8%, para US$ 15 bilhões –a quinta queda consecutiva–, embora a Alphabet tenha declarado que registrou US$ 2,6 bilhões em encargos relacionados a demissões recentes e reduções de espaço de escritórios.

O campus do Google em Mountain View, Califórnia, em 4 de dezembro de 2019. Em primeiro plano, está um totem branco com o logo do Google. Atrás, há uma árvore e um prédio espelhado com o logo da empresa.
A Alphabet retomou crescimento nas vendas, apesar da crise no mercado publicitário. O principal fator da boa fase é a popularidade do buscador Google. Campus do Google em Mountain View, California - Jason Henry/The New York Times

O Google ainda enfrenta desafios significativos. Sua plataforma de vídeo YouTube continua prejudicada pela queda nos anúncios, e a rival Microsoft ganhou atenção e usuários depois de incorporar um chatbot de IA em seu mecanismo de busca, Bing.

Mas os resultados de terça destacaram a vantagem invejável do Google como porta de entrada para a web para bilhões de pessoas em todo o mundo, posição que não pode ser desalojada rápida ou facilmente.

Em particular, o mecanismo de busca do Google, núcleo da maior máquina de publicidade digital do mundo, permaneceu forte. A receita desse mecanismo aumentou quase 2%, para US$ 40,4 bilhões, no primeiro trimestre, acima das estimativas dos analistas, de US$ 39,4 bilhões. A empresa disse que agências de viagens e varejistas gastaram mais para alcançar clientes na plataforma de busca.

Sante Faustini, que dirige inteligência de produto na empresa de pesquisa de dados M Science, disse em entrevista que o mecanismo de busca do Google foi a força motriz da recuperação da empresa, num sinal de "resiliência" do serviço contra forças econômicas maiores.

Desde o ano passado, o aumento das taxas de juros e da inflação tornou os anunciantes mais econômicos, prejudicando as vendas e os lucros do Google e de seus pares Snap e Meta, que são donos do Facebook e do Instagram. As vendas do Google caíram ligeiramente no final do ano passado.

Isso colocou a Alphabet sob crescente pressão para garantir aos investidores que ainda poderia gerar receita e ganhos de lucro, após anos de saltos que desafiavam a gravidade. Mark Mahaney, analista da Evercore ISI, encapsulou as demandas de Wall Street em uma nota recente, na qual pressionou a empresa a cortar despesas, estabilizar os principais negócios, incluindo o YouTube, e acelerar o lançamento da tecnologia de IA.

A gigante da internet disse em janeiro que cortaria 12 mil pessoas, ou 6%, de sua força de trabalho global, da folha de pagamento. Em 31 de março, a Alphabet tinha 190.711 funcionários, em comparação com 190.234 no final do ano passado. As demissões da empresa não entraram oficialmente em vigor até o final do mês passado.

Ao mesmo tempo, o mecanismo de busca do Google parecia ameaçado por uma onda de chatbots que capturaram a imaginação do público. Em particular, as ferramentas da Microsoft e da OpenAI, fabricante do popular chatbot ChatGPT, começaram a testar a coragem do Google.

Em março, o Google lançou um chatbot chamado Bard, que teve avaliações mistas, mas a empresa não gera receita com a ferramenta. O New York Times informou que o Google incorporará recursos de IA de conversa em seu principal mecanismo de pesquisa em maio e começou a trabalhar em um novo mecanismo de pesquisa mais personalizado, projetado para aproveitar os avanços da IA.

Na semana passada, a Alphabet consolidou suas principais equipes de IA em uma unidade, o Google DeepMind, para progredirem mais rapidamente no campo. A mudança combinou o laboratório de IA DeepMind, com sede em Londres, com o Google Brain, parte da divisão de pesquisa da empresa. O CEO da DeepMind, Demis Hassabis, assumiu o controle do grupo. Jeff Dean, principal executivo de pesquisa do Google, já havia supervisionado o Google Brain, que ele cofundou.

Em uma teleconferência de resultados na terça, o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, disse que a empresa fez "um bom progresso" em IA, comparando-a com a transição da empresa de desktops para computação móvel, há mais de uma década.

"Nossos investimentos e inovações em IA na última década nos posicionaram bem", disse ele, enquanto prometia uma série de novos recursos de IA em tudo, desde smartphones Android a software para outras empresas. Ele acrescentou que espera que os esforços do Google para desenvolver recursos de IA ajudem a empresa a manter sua grande base de usuários.

"Continuaremos a incorporar avanços generativos de IA para tornar a pesquisa melhor de maneira ponderada e deliberada", disse.

As vendas de publicidade no YouTube, plataforma de vídeo do Google, caíram quase 3%, para US$ 6,7 bilhões, no primeiro trimestre, pouco acima dos US$ 6,6 bilhões esperados pelos analistas. A divisão registrou queda na receita nos últimos meses, com o aumento da concorrência do TikTok. As mudanças de privacidade da Apple para seus iPhones também limitaram o crescimento das plataformas de rede social, tornando mais difícil provar aos anunciantes que seus anúncios são eficazes.

As vendas do Google Cloud, divisão que oferece serviços de software e tecnologia para outras empresas, aumentaram 28%, para US$ 7,5 bilhões. No primeiro trimestre, a divisão registrou pela primeira vez um lucro de US$ 191 milhões.

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