Inteligência artificial prejudicará muita gente, diz cofundador da DeepMind

Para Mustafa Suleyman, governos devem pensar em como apoiar trabalhadores que perderão seus empregos

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George Hammond
San Francisco | Financial Times

Os avanços da inteligência artificial ameaçarão os trabalhadores de colarinho branco e criarão "um grande número de perdedores" nos próximos dez anos, de acordo com um dos fundadores do laboratório de inteligência artificial DeepMind, que foi pioneiro na tecnologia.

"É inquestionável que muitas das tarefas de colarinho branco serão muito diferentes nos próximos cinco a dez anos... haverá um grande número de perdedores [e eles] ficarão muito infelizes, muito agitados", disse Mustafa Suleyman, em palestra no Bridge Forum, da administradora de investimentos GIC, em San Francisco nesta terça-feira (9).

Suleyman deixou a DeepMind no ano passado e montou sua própria empresa de "chatbots", a Inflection AI.

O cofundador da DeepMind, Mustafa Suleyman - Getty Images via TechCrunch

A empolgação com os avanços da tecnologia vem sendo temperada pelo temor de que, com a mudanças que as ferramentas de inteligência artificial trarão a tudo, de diagnósticos médicos ao ensino e redação de textos, uma série de empregos seja erradicada.

Uma pesquisa recente do banco Goldman Sachs previu que os avanços na inteligência artificial generativa poderiam aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) do planeta em 7% ao ano em um período de dez anos, devido ao aumento da produtividade. No entanto, isso poderia causar "desordenamento significativo" na força de trabalho, com até 300 milhões de empregos potencialmente expostos à automação.

Suleyman disse que os governos precisariam pensar em como apoiar as pessoas cujos empregos seriam destruídos, e mencionou a renda básica universal como uma possível solução: "Seria necessária uma compensação material... É uma medida política e econômica sobre a qual temos que começar a falar seriamente".

As startups de inteligência artificial deram grandes saltos tecnológicos nos últimos seis meses, e empresas investiram bilhões de dólares em startups do setor. A Microsoft investiu pesadamente na OpenAI, criadora do ChatGPT, no início deste ano, avaliando a empresa em cerca de US$ 30 bilhões (R$ 148,6 bilhões).

O lançamento de uma série de ferramentas, como o ChatGPT —que permite que os usuários gerem uma série de resultados de texto, imagem ou vídeo a partir de entradas em linguagem natural— colocou a "inteligência artificial generativa" em evidência e gerou uma onda de entusiasmo na comunidade de investimentos em tecnologia.

O Google, que adquiriu a DeepMind em 2014, vem desenvolvendo seus próprios modelos de linguagem, como o LaMDA e o PaLM. No entanto, a empresa foi pega de surpresa com o lançamento do ChatGPT em novembro do ano passado.

Com o LaMDA, "tínhamos o ChatGPT um ano e meio antes do ChatGPT. Foi frustrante, muito frustrante ver o ChatGPT explodir", disse Suleyman.

O Google, ele acrescentou, está bem posicionado na batalha para dominar a nova onda de ferramentas de inteligência artificial, mas o ChatGPT fez com que eles "dançassem um pouco".

A corrida armamentista entre a Microsoft, o Google e uma série de outros criadores de "chatbots", incluindo a Inflection e a Cohere, que arrecadou US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) em uma rodada de capitalização na qual foi avaliada em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões) na semana passada, está expandindo as fronteiras da inteligência artificial.

"A última década foi definida por classificação e previsão, agora estamos olhando para a interação... a rigidez do formato vai desaparecer e tudo vai parecer mais dinâmico e personalizado", disse Suleyman, cuja empresa lançou seu próprio "chatbot", chamado Pi (uma abreviação de "inteligência personalizada"), na semana passada

Tradução de Paulo Migliacci

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