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Três em cada cinco jovens da geração Z têm cadastros inativos, diz estudo

Armazenamento de dados inúteis gera emissões de carbono e desperdício de energia em datacenters

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São Paulo

Tida como um dos grupos etários mais preocupados com ambiente, a geração Z, de jovens nascidos de 1996 em diante, é também uma das que mais agride o ambiente com "entulho digital": 60% dos integrantes dessa geração mantêm contas online inativas.

O resultado é emissões de carbono desnecessárias, e, por consequência, poluição: os dados considerados inúteis associados a essas contas ficam armazenados em datacenters, que funcionam 24 horas por dia à base sobretudo de energia fornecida por combustíveis fósseis.

O índice de contas abandonadas pelos jovens da geração Z, obtido em levantamento da Veritas Technologies (empresa de gerenciamento de nuvens), supera em muito o de mais velhos que abandonam entulhos digitais: dessa porcentagem fica em 23% entre pessoas com mais de 65 anos.

Foto ilustrativa mostra adereço no formato da nuvem, entre peças de quebra-cabeça. A iluminação é difusa
Um datacenter é um local físico que reúne computadores que armazenam dados - Foto: Keiny Andrade/Folhapress

"Os datacenters respondem por 2% de todas as emissões globais de carbono —quase o mesmo que todo o setor aéreo", afirma Gustavo Leite, vice-presidente para a América Latina da Veritas Technologies.

Os dados citados por Leite constam em pesquisa do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). "Um único datacenter pode consumir a eletricidade equivalente a 50 mil residências. Com 200 terawatts-hora (TWh) anualmente, os datacenters coletivamente consomem mais energia do que alguns estados-nação", diz o artigo assinado pelo pesquisador Steven Gonzalez Monserrate.

Para o levantamento, a Veritas Technologies ouviu 13 mil consumidores em todo o mundo, dentre os quais 1.000 residem no Brasil.

Quatro perguntas foram feitas: se o consumidor tinha contas inativas, se sabia que contas inativas provocam emissões de carbono, se já haviam tentado fechar suas contas e os motivos pelos quais mantinham contas abertas.

Os resultados mostram que 51% afirmavam ignorar o impacto ambiental das contas abandonadas, e quase um terço (31%) dos consumidores da geração Z nunca tentou fechá-las.

O motivo mais comum é que isso não importa para eles pessoalmente (33%). Outro quase um quarto (23%) diz não ter tempo. Entre os respondentes, 19% considera que pode precisar de conta algum dia, 14% acha o processo de encerrar a conta muito complicado e 11% não consegue lembrar a senha de acesso.

É um comportamento que contrasta com resultado de relatório do Fórum Econômico Mundial de 2022, que aponta os jovens nascidos depois de 1996 como a faixa etária mais preocupada com os impactos das mudanças climáticas no futuro do planeta.

"A Geração Z é indiscutivelmente a geração mais ambientalmente consciente que já existiu mas, consciente ou não, eles também estão liderando, entre os consumidores, a criação do maior número de emissões de carbono a partir de dados desnecessários", afirma Leite, da Veritas Technologies.

A pesquisa, realizada pela consultoria 3Gem em nome da Veritas, entrevistou consumidores de todas as idades de 18 anos ou mais na Austrália, Brasil, China, França, Alemanha, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos entre 1º e 16 de fevereiro, de 2023. Para os fins desta pesquisa, a Geração Z refere-se àqueles com idade entre 18 e 24 anos.

COMO EVITAR DESPERDÍCIO

Hoje, cabe ao consumidor acompanhar as contas que cria e depois fechá-las se considerar que nunca mais as usará, segundo Gustavo Leite.

Uma estratégia para manter controle sobre todas as contas criadas na internet é guardar os emails de boas-vindas recebidos no momento do cadastro. "Vale deixá-los como lembretes para quais contas você criou e pode querer tentar fechar", diz Leite.

As empresas também podem ser mais proativas no encerramento de contas, desde que sua governança de dados permita, afirma o vice-presidente da Veritas Technologies.

"O problema com contas inativas requer uma mudança de mentalidade. Muitas empresas mantêm essas contas abertas e produzindo dados desnecessários na esperança de que o consumidor volte", acrescenta.

Ele recomenda três práticas de gerenciamento de dados para reduzir a pegada de carbono do armazenamento:

Evitar desperdício no armazenamento

  1. Classificar e categorizar dados de forma contínua:

    É impossível gerenciar adequadamente os dados sem saber o que são ou onde estão. Isso é o que chamamos de “dark data” e, em média, representa 35% dos dados armazenados de uma empresa.

  2. Arquivar ou excluir dados desnecessários com frequência:

    Organizações médias estão acumulando uma quantidade incrível de dados desnecessários. A eliminação desses dados não apenas ajuda o meio ambiente, mas também reduz os custos de armazenamento, aumenta a segurança contra ameaças como ransomware e reduz os riscos regulatórios associados à governança e conformidade de dados.

  3. Eliminar dados duplicados:

    A desduplicação é o processo de eliminação de cópias desnecessárias de dados existentes. Usando o CarbonFootprint.com, a Veritas calculou que cada pentabyte de dados desduplicados pode ajudar uma organização a reduzir a mesma quantidade de CO2 gerada ao dirigir um carro familiar do pólo Norte ao pólo Sul.

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