Descrição de chapéu melhor da internet Datafolha

Ler notícias é hábito mais comum entre internautas brasileiros, diz Datafolha

60% dizem ter o costume; 60% também buscam saber especificamente o que acontece em seu bairro

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São Paulo

Nada tem mais importância do que se manter informado para as pessoas conectadas à internet. Essa é a conclusão da pesquisa nacional do Datafolha, que ouviu 2.010 pessoas de 16 anos ou mais entre 8 e 13 de maio e, para essa questão, considerou as que responderam acessar a web (1.908 pessoas). A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Ler notícias é a prática mais comum, cultivada por 80% dos internautas no Brasil. A pesquisa não perguntou sobre a fonte das informações —se é de mídia tradicional, compartilhada por WhatsApp ou por outros meios.

O hábito é ainda mais comum entre os mais instruídos. Na parcela da população que tem curso superior, o número chega a 95%, contra 60% dos que completaram apenas o fundamental. No recorte por renda, são 93% dos que ganham mais de cinco salários mínimos, ante 74% dos que recebem até dois.

Talita Persi

O acesso à informação também foi considerado o mais importante em relação à conectividade. Para 84%, estar na internet é fundamental para se manter informado sobre o que se passa no mundo.

Mas não é só a notícia de relevância global que chama a atenção. Para 60% deles, a rede também é relevante para observar o que acontece dentro do próprio bairro. Grupos online como o Cecílias e Buarques comprovam esse interesse pela vizinhança.

Quando criou o grupo no Facebook, em 2015, a produtora cultural Laís Jesus tinha 25 anos e era recém-chegada à região da Santa Cecília e da Vila Buarque, no centro de São Paulo. Até então, ela morava com os pais, em Pinheiros.

O projeto online mesclava uma curiosidade de conhecer pessoas e lugares na área, mas também de se proteger, como mulher que passou a morar sozinha. "No primeiro post fixado, tinha algo na linha ‘esse grupo é para a gente indicar as barbadas e ciladas’", lembra Laís. "Queria saber quem chamar no bairro, por exemplo, se minha TV quebrasse. Quero que seja um técnico de confiança, com indicação."

No início, o Cecílias e Buarques não tinha muitas regras e seus integrantes eram livres para postagens. Durante muito tempo, ele não teve mais que 500 pessoas, mas depois de dois anos deu um salto e saiu um pouco do controle.

"De certa forma, as postagens chegaram a descambar para algo violento. Acontecia um roubo e alguém fazia o relato e a descrição do ladrão, estimulando outros internautas a procurarem a pessoa pelo bairro. Isso despertou em alguns essa vontade de querer justiça com as próprias mãos, fazer a vigilância do bairro", relembra. "Cheguei a ser acusada de ser fascista, tivemos algumas confusões."

Laís conta que não era tão simples moderar algumas questões e criou regras para manter a proposta inicial, entre elas, não usar o grupo como timeline do seu negócio.

Antes da Covid-19, era possível dizer que a comunidade online fazia um papel de guia cultural, com indicações de estabelecimentos e divulgação de festas e feiras. "Tínhamos essa vontade de sair do ambiente virtual", conta Laís.

No entanto, durante a pandemia, o grupo adquiriu novos propósitos. "As pessoas ficaram menos sociáveis, mas ao mesmo tempo teve uma criação de rede de auxílio. Gente que havia sido demitida avisava que estava vendendo marmita, fazendo bolo… Entrou esse quesito de se ajudar em uma situação de vulnerabilidade."

Atualmente a comunidade online tem cerca de 15 mil inscritos. A maioria dos integrantes têm entre 25 e 34 anos, de acordo com a fundadora, "mas até 54 têm muita gente", diz. No recorte por faixa etária da pesquisa Datafolha, os internautas entre 35 e 44 anos são os que mais usam a internet para informações no bairro, com 64%, seguidos pelas pessoas de 45 a 59 anos, com 63%.

Hoje a produtora cultural mora na Aclimação e, por isso, se afastou um pouco da mediação do grupo, ainda ativo, mas continua usando as dicas dos Cecílias e Buarques.

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