Worldcoin diz que permitirá que empresas e governos usem seu sistema de identificação

Tecnologia cofundada por Sam Altman faz varredura de íris e verificação de identidade em troca de criptomoedas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nette Noestlinger Matthias Baehr Elizabeth Howcroft
Londres | Reuters

A Worldcoin vai expandir suas operações para ter mais usuários globalmente e pretende permitir que outras organizações usem sua tecnologia de varredura de íris e verificação de identidade, disse à Reuters um gerente sênior da empresa por trás do projeto.

Cofundada pelo presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, a Worldcoin foi lançada na semana passada e exige que os usuários escaneiem sua íris em troca de um ID digital e, em alguns países, de criptomoedas gratuitas como parte dos planos para criar uma "rede financeira e de identidade".

Em sites de inscrição em todo o mundo, as pessoas têm tido seus rostos escaneados por uma esfera brilhante, ignorando as preocupações de ativistas pela privacidade de que os dados biométricos possam ser mal utilizados.

Dispositivo de imagem biométrica da Worldcoin, em Berlim, Alemanha - Annegret Hilse - 1º.ago.2023/Reuters

A Worldcoin diz que 2,2 milhões de pessoas se inscreveram, principalmente durante um período de teste nos últimos dois anos. Órgãos reguladores de dados no Reino Unido, França e Alemanha disseram que estão investigando o projeto.

"Estamos nessa missão de construir a maior comunidade financeira e de identidade que pudermos", disse Ricardo Macieira, gerente geral para a Europa da Tools For Humanity, empresa por trás do projeto, com sede em San Francisco e Berlim.

A Worldcoin levantou US$ 115 milhões (R$ 552 milhões) de investidores de capital de risco, incluindo Blockchain Capital, a16z crypto, Bain Capital Crypto e Distributed Global em uma rodada de financiamento em maio.

Macieira disse que a Worldcoin continuará implementando operações na Europa, América Latina, África e "todas as partes do mundo que nos aceitarem".

O site da Worldcoin menciona várias aplicações possíveis, incluindo distinguir humanos de figuras criadas por inteligência artificial, permitir "processos democráticos globais" e mostrar um "potencial caminho" para a renda básica universal, embora esses resultados não sejam garantidos.

A maioria das pessoas entrevistadas pela Reuters nesses sites de inscrição no Reino Unido, Índia e Japão na semana passada disseram que estavam se inscrevendo para receber os 25 tokens gratuitos da Worldcoin que a empresa diz que os usuários verificados podem solicitar.

"Não acho que seremos os responsáveis por gerar uma renda básica universal. Se pudermos criar a infraestrutura que permita que governos ou outras entidades o façam, ficaremos muito satisfeitos," disse Macieira.

No futuro, a tecnologia por trás da esfera de escaneamento de íris será de código aberto, acrescentou Macieira.

Reguladores e ativistas pela privacidade têm levantado preocupações sobre a coleta de dados da Worldcoin, incluindo se os usuários estão dando consentimento informado e se uma única empresa deve ser responsável pelo tratamento dos dados.

O site da Worldcoin diz que o projeto é "totalmente privado" e que os dados biométricos são excluídos ou os usuários podem optar por armazená-los em formato criptografado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.