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Nova CEO por trás do ChatGPT, Mira Murati assume missão de impulsionar a IA generativa para mundo real

Diretora de tecnologia é responsável pelas aplicações da plataforma de IA Generativa

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Madhumita Murgia
Londres | Financial Times

Com o afastamento de Sam Altman do comando da OpenAI, a então diretora de tecnologia Mira Murati assume de forma interina a chefia-executiva da startup de inteligência artificial responsável pelo desenvolvimento do ChatGPT.

Segundo nota do conselho administrativo da OpenAI, divulgada nesta sexta (17), Murati ficará à frente da empresa até a nomeação permanente de um novo chefe-executivo

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Diretora de tecnologia e chefe-executiva interina da OpenAI, Mira Murati, fala em evento do Wall Street Journal, na Califórnia (EUA). Murati é uma mulher morena de cabelos castanhos. Veste suéter cinza.
Diretora de tecnologia e chefe-executiva interina da OpenAI, Mira Murati, fala em evento do Wall Street Journal, na Califórnia (EUA) - Patrick T. Fallon/ AFP

Saiba no texto abaixo mais sobre a mulher por trás da plataforma de inteligência artificial mais popular do ano.

Para Mira Murati, diretora de tecnologia da OpenAI, a noite de 29 de novembro não foi diferente de qualquer outra. Ela voltou para casa naquela noite depois que sua equipe concluiu o lançamento de um produto experimental: o ChatGPT.

O ChatGPT estava planejado como uma demonstração de pesquisa. Esse plano mudou drasticamente quando o chatbot atingiu 1 milhão de usuários em cinco dias após o lançamento.

Murati, que estava pelo menos uma ordem de magnitude abaixo em termos de suas expectativas, percebeu que a empresa estava na vanguarda de uma corrida para comercializar a IA generativa —sistemas de inteligência artificial que podem gerar rapidamente textos, imagens e conteúdos semelhantes aos humanos.

"Esse contato com a realidade foi incrivelmente importante para descobrir o que realmente priorizar e para onde ir a seguir", disse Murati, que liderava a equipe de tecnologia da empresa de 375 pessoas então sob a batuta do ex-chefe-executivo Sam Altman. "Definitivamente tivemos uma mudança importante quando decidimos construir um produto e implantar a tecnologia."

Murati passou a liderar os esforços da OpenAI para posicionar o ChatGPT como um produto independente, buscando maneiras de aproveitar sua popularidade com dezenas de milhões de consumidores, após a ascensão extraordinária do chatbot. Mas ela insiste que, apesar dos novos imperativos financeiros, a principal ambição da empresa não mudou.

"Nossa missão é alcançar a inteligência artificial geral e descobrir como implantá-la com segurança", disse ela, referindo-se a um futuro software que poderia realizar uma variedade de tarefas cognitivas em nível humano. "Portanto, sempre temos muito cuidado para não perder de vista isso."

Enquanto isso, a empresa está remodelando a indústria de tecnologia. O lançamento do ChatGPT, que alcançou 100 milhões de usuários semanais segundo pronunciamento recente da OpenAI, levou gigantes da tecnologia como o Google a redesenhar sua estratégia de IA e lançar chatbots concorrentes às pressas. Empresas ao redor do mundo começaram a experimentar a tecnologia acreditando que ela poderia transformar setores como mídia, finanças, direito e serviços profissionais.

Pouco depois do lançamento do ChatGPT, a Microsoft concordou em fazer um investimento "multianual e multibilionário" na OpenAI, estimado em US$ 10 bilhões (cerca de R$ 49 bilhões). O grupo sediado em Seattle também está incorporando a tecnologia subjacente em sua suíte de aplicativos de produtividade Office, uma base lucrativa de centenas de milhões de grandes clientes corporativos.

O chatbot ajudou a esclarecer para Murati e a alta liderança da OpenAI o claro valor comercial da IA generativa. "Nossa estratégia de implantação agora se expandiu para a plataforma ChatGPT, onde temos um relacionamento direto com o usuário", disse ela. "Podemos perguntar a eles sobre seus comentários, suas preferências e usar esses comentários para melhorar o código."

Engenheira mecânica que trabalhou anteriormente em uma startup de realidade aumentada chamada Magic Leap e na fabricante de carros elétricos Tesla, Murati ingressou na empresa em 2018, quando ainda era um laboratório de pesquisa sem fins lucrativos. Agora, ela supervisiona a distribuição em massa dos produtos da OpenAI, incluindo o gerador de imagens de IA Dall-E, o gerador de código de IA Codex e o ChatGPT.

Desde que ela entrou, seu papel evoluiu para testar a tecnologia da OpenAI no mundo real, para que os parceiros da indústria possam construir versões de produtos de IA em áreas como educação, serviços financeiros, direito e saúde.

A equipe de Murati começou a trabalhar para oferecer uma assinatura comercial do ChatGPT, que permitirá que os clientes personalizem versões do ChatGPT para fins específicos. Eles também lançaram os chamados Plugins, que permitem que os usuários permaneçam dentro do ChatGPT enquanto realizam tarefas como navegar na web, comprar mantimentos e reservar mesas de restaurantes por meio de serviços como Instacart e OpenTable.

Hoje, a OpenAI, assim como muitas empresas de software do Vale do Silício, se apresenta como uma empresa "plataforma", com dois tipos de ofertas: uma é sua API ou interface de programação de aplicativos, que permite que terceiros integrem o software da OpenAI em seus produtos mediante pagamento, e a outra é o ChatGPT. A Microsoft, sua maior acionista, será um terceiro canal de receita independente.

"[O ChatGPT] nos permite alcançar as pessoas diretamente, coletar feedback e tornar nossos modelos mais alinhados, mais úteis", disse Murati. "E [a API] é uma plataforma que permite que outras pessoas construam em cima de nossos modelos."

Os clientes da API da OpenAI incluem uma variedade de empresas, como a startup educacional Khan Academy, a empresa de mídia social Snap e gestores de ativos como a Morgan Stanley Wealth Management. Cada um paga para adaptar a ferramenta às suas necessidades individuais. A OpenAI, que supostamente faturou US$ 28 milhões em 2022, projetou que faturaria US$ 200 milhões em 2023.

A empresa precisa aumentar as receitas para financiar os altos custos de energia computacional necessários para treinar e executar grandes modelos de IA, com Altman descrevendo recentemente a empresa como "a startup mais intensiva em capital da história do Vale do Silício".

Estimativas colocam os custos de operação do ChatGPT, assumindo 10 milhões de usuários mensais, em US$ 1 milhão por dia. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, afirmou que a Microsoft construiu um supercomputador para lidar com o trabalho da OpenAI e que agora pode realizar alguns cálculos de IA com metade do custo de seus concorrentes.

Os potenciais riscos do software de IA, especialmente à medida que se torna mais poderoso, estão na mente dos formuladores de políticas e das comunidades empresarial e de pesquisa.

Entre esses desafios estão a disseminação de manipulação e desinformação geradas por IA. A longo prazo, há preocupações com riscos existenciais provenientes da tecnologia de IA que pode se comportar de maneira antiética, sem um senso de moralidade humana.

No mês passado, 350 especialistas do setor, incluindo Altman, afirmaram que mitigar o risco de extinção proveniente da IA deve ser uma prioridade global, juntamente com outros riscos de escala social, como pandemias e guerra nuclear.

Murati disse que apoia o uso de "barreiras técnicas" para reduzir, apagar ou até mesmo prevenir alguns desses perigos.

"O progresso está acontecendo muito rápido, obviamente", disse ela. "Mas hoje usamos esses sistemas mais como ferramentas assistentes. Não dependemos deles cegamente ou totalmente. Eles são mais como ferramentas que aumentam nossa produtividade e criatividade".

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