Ao redor de Verona, recioto remete ao tempo dos romanos
Na Antigüidade, mesmo os gregos reconheciam a primazia dos vinhos da península Itálica, região que chamavam de Enotria Tellus --ou terra do vinho.
E um desses vinhos, o "raeticus", um tinto potente, era apreciado pelos césares já na época do Império Romano, uns cem anos antes de Cristo.
Nos séculos 13 e 14, quando Veneza se notabilizava como a República Sereníssima, comerciando com o Oriente, há notícia de que seus doges também brindavam com esse vinho vêneto, considerado uma especialidade.
Hoje, nos arredores de Verona, onde se produz, entre outros vinhos vênetos, os valpolicella, ainda há um tinto chamado recioto (pronuncia-se "retchioto"), provavelmente sucessor do ancestral "raeticus".
Enriquecido com uvas passas (ou "passitas"), chamado também de amarone della valpolicella, o recioto, dizem lá, herdou o nome da palavra dialetal "recchia", corruptela de orecchia (ou orelha, em italiano).
Isso porque, no alto dos cachos da uva corvina, especialmente utilizada em sua vinificação, há dois pequenos cachos laterais que parecem orelhinhas e que, retirados, recebem tratamento de uva passa por quatro meses, perdendo água, concentrando açúcares e taninos antes de serem usados na fabricação do vinho recioto della valpolicella, ou amarone, cujo sabor característico lembra o da ameixa seca.
Mas, antes de ser engarrafado, esse vinho --recioto ou amarone, como queiram-- ainda repousa entre seis meses e um ano em barricas de cerejeira.
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