Arquitetura, museus e cangurus quebram marasmo de Canberra, capital da Austrália

Com 400 mil habitantes, cidade se destaca por desenho planejado e acervo de arte contemporânea

Fernanda Ezabella
Canberra

​Longe de praias badaladas, Canberra à primeira vista pode parecer uma cidade sem muita graça na Austrália. Mas a capital do país, com apenas 400 mil habitantes, é um oásis de tranquilidade repleto de museus e boa arquitetura, sem contar os cangurus selvagens frequentadores de um campo de golfe.

Localizada no meio do caminho entre Sydney e Melbourne, Canberra é uma cidade planejada, construída entre 1913 e 1927 e idealizada pelo casal de arquitetos americanos Walter Burley Griffin e Marion Mahony.

As linhas geométricas e círculos da arquitetura da dupla respeitaram a topografia da região, por meio do conceito de cidade-jardim em voga na época, fazendo do lugar um centro urbano verde.

Modificações ao longo das décadas trouxeram o lago central em 1964, previsto no plano original. Hoje, os moradores se exercitam no calçadão do espaço do nascer ao pôr do sol. Perto de suas margens fica a National Gallery of Australia, que guarda um grande acervo de arte internacional.

Entre Warhols, Duchamps e Rothkos, a pérola do museu é a pintura de quatro metros de largura “Blue Poles”, de Jackson Pollock (1912-1956), adquirida, em meio a muita polêmica, pelo governo australiano por AU$ 1,3 milhão (R$ 3,9 milhões) nos anos 1970, um recorde para um artista contemporâneo americano.

Na sala dedicada a Sidney Nolan (1917-1992), um dos mais celebrados artistas australianos do século 20, está exposta a série de pinturas do maior fora da lei do país, Ned Kelly (1854-1880). O ladrão ficou conhecido pelas armaduras de ferro que improvisava com sua gangue para fazer assaltos (uma delas está em exibição na Biblioteca Estatal Victoria, em Melbourne).

Na mesma área de Canberra, fica a National Portrait Gallery, com uma miscelânea de retratos de famosos feitos em estilos e épocas diferentes. Para os fãs de música, lá estão Nick Cave, numa pintura psicodélica, e Angus Young, do AC/DC, numa foto sem camisa, tocando de costas para a plateia, num show de 1978.

Uma caminhada de 20 minutos leva até o complexo do Parlamento, inaugurado em 1988 pela rainha Elizabeth 2ª. 

O prédio custou mais de AU$ 1 bilhão (R$ 3 bilhões) e tem boa parte de sua estrutura enterrada em uma colina, o que levou críticos a chamarem a construção de “bunker”.

Já o arquiteto responsável, Romaldo Giurgola (1920-2016), cujo projeto ganhou de outros 300, gostava mais da descrição “aninhado” na montanha.

Vale passear pelo gramado impecável e pelos corredores com paredes de granito e escadas de mármore. 
Há tours organizados para conhecer a Câmara dos Deputados, decorada de verde, e o Senado, de vermelho.

A capital oferece ainda uma das atrações mais genuinamente australianas. No campo de golfe Gold Creek, a 20 minutos de carro do Parlamento, centenas de cangurus selvagens vivem em grandes grupos, às vezes levando bolinhas na cabeça ou interrompendo o caminho de carrinhos que levam jogadores.

A viagem de carro de Sydney à capital pode levar três horas (286 km) pelo interior ou seis horas (452 km) pelo litoral, contando com uma parada estratégica em Pebbly Beach, uma praia também repleta de cangurus, que faz parte de um parque nacional.

Os animais parecem não se importar com os poucos turistas e surfistas que circulam pela área e até aceitam cafuné.

Praia de marombeiros perto de Sydney abriga piscina de cinema e pista de skate 

Piscina olímpica de água ligeiramente salgada, com fundo sujo de areia e vista para uma das praias mais fotografadas do mundo.

É fácil aproveitar o dia no clube Bondi Icebergs, aberto para turistas, que podem nadar em sua cinematográfica piscina instalada nas pedras ao final da Bondi Beach (a pronúncia é bondai), a apenas 8 km do centro de Sydney.

Para usufruir do local é preciso ser sócio (AU$ 500 ou R$ 1.510 por ano) ou pagar AU$ 6,50 (R$ 19,60) para passar o dia. A clientela é simpática, gosta de puxar papo e divide as oito faixas da piscina sem problemas.

Clube Bondi Icebergs, em Bondi Beach, a 8 km do centro de Sydney
Clube Bondi Icebergs, em Bondi Beach, a 8 km do centro de Sydney - Tim Grubb/Wikimedia Commons

Inesperado é levar algumas ondinhas na cabeça enquanto nada —o mar quebra na borda da piscina, por isso, o fundo sujo de areia e a água salgada. O local só fecha na quinta, quando é feita limpeza.

Fundado em 1929, o clube tem restaurante e bar, mas suas dependências quase lembram sua idade. O melhor mesmo é aproveitar a vista de dégradés de azuis e verdes da piscina e do oceano.

Metáfora de sonho australiano, Bondi Beach resume a experiência de praia badalada da Austrália. Urbana, tem serviços de aluguel de guarda-sol e cadeiras, escolas de surfe e stand up paddle, além de um calçadão com gente malhando dia e noite e e um piscinão de cimento vazio que recebe skatistas de todas as idades.

Uma trilha de 2 km começa perto do clube e segue pela encosta até Bronte Beach, passando por aparelhos de ginástica e praias menores.

Sinta-se lá

Uma ensolarada Canberra vai se tornando mais escura e gélida à medida que a tensão cresce no suspense político “Secret City” (a primeira temporada, de 2016, está disponível na Netflix). Anna Torv interpreta uma jornalista cujo trabalho investigativo liga o assassinato de um jovem a uma conspiração internacional, envolvendo a China e os EUA, e ao alto escalão do governo, tomado por intrigas e traições

 

Pacotes

R$ 2.613 
6 noites em Canberra, na Maringá Lazer (maringalazer.com.br
Pacote para saída em 16 de março de 2019, com hospedagem em quarto duplo. Sem regime de alimentação e sem passagem aérea


R$ 6.322 
6 noites em Sydney, na Submarino Viagens (submarinoviagens.com.br)
Pacote para saída em 25 de outubro. Com hospedagem em quarto duplo, sem regime de alimentação e sem passeios. Inclui passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo


US$ 1.943 (R$ 8.000) 
9 noites em Sydney, Cairns e Melbourne, na Venice (veniceturismo.com.br)
Três noites em Sydney, três em Melbourne e três em Cairns, com hospedagem em quarto duplo e café da manhã. Inclui passeios pelas cidades, traslados e seguro-viagem. Sem passagem aérea


R$ 12.831
9 noites em Sydney, Cairns e Melbourne, na CVC (cvc.com.br
Três noites em Sydney, três em Cairns e três em Melbourne, com hospedagem em quarto duplo. Inclui café da manhã, três almoços, passeios panorâmicos pelas cidades, guia e traslados. Sem passagem aérea


US$ 3.457 (R$ 14,2 mil)
8 noites em Sydney, Ayers Rock e Cairns, na Freeway (freeway.tur.br
Pacote para saída em diversas datas, a partir de 4 de setembro. Três noites em Sydney, duas em Ayers Rock e três em Cairns. Inclui passeios, café da manhã, traslados e seguro-viagem. Sem aéreo


US$ 7.520 (R$ 30,9 mil)
10 noites em Sydney, Melbourne e ilha Hamilton, na Interpoint (interpoint.com.br)
Valor para saídas até 1º de dezembro. Quatro noites em Sydney, três em Melbourne e três na ilha Hamilton. Inclui passeios com motorista particular e traslados. Sem passagem aérea
 

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