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Carrancas, em Minas Gerais, é o novo destino de ecoturismo no sudeste do país

Cidadezinha tem mais de 80 cachoeiras poços que podem ser acessados por trilhas com diferentes níveis de dificuldade

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Débora Yuri
Carrancas (MG)

No sul de Minas Gerais, Carrancas é um paraíso pacato pouco explorado, que ainda recebe uma quantidade de visitantes desproporcional ao número de atrativos naturais que reúne.

Nos últimos cinco anos, o fluxo de gente de fora na cidade registrou um crescimento de 40%, segundo o Centro de Atendimento ao Turista. O serviço não consegue, entretanto, quantificar o total de pessoas que o município recebe anualmente, já que há dezenas de atrativos naturais dispersos pela região.

A Secretaria Municipal de Turismo credita essa recente expansão do setor de turismo na cidade à divulgação de suas paisagens em redes sociais e à exposição em novelas globais, como “Império”.

“Esse aumento representa um impacto positivo na economia local, mas também esbarra nos esforços da cidade para preservar suas belezas naturais”, pondera Leandro José de Oliveira, secretário municipal de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Carrancas.

Entre as medidas adotadas pela prefeitura para conservar o patrimônio natural carranquense estão a proibição da mineração e a criação de um programa de ecoturismo, que é uma parceria com a Universidade Federal de Lavras. 

A iniciativa, explica o secretário, prevê um estudo com diagnóstico da situação ambiental de todos os atrativos da cidade e um projeto que define a capacidade máxima de visitantes diários de cada um.

Faz sentido. Mirantes à beira de precipícios enfileiram-se entre picos, chapadas e vegetação meio verde-ocre, meio amarelo-ouro do cerrado. Nos fins de tarde, reúnem  os forasteiros que já descobriram o mais novo destino ecoturístico do sudeste do Brasil.

Mas a cidade de apenas 4.000 moradores guarda mais segredos que um pôr do sol memorável para cada dia de viagem. Estima-se que abrigue pelo menos 84 poções e cachoeiras, todos acessíveis por trilhas que adentram pelas matas ciliares e pelos campos rupestres.

Em períodos sem chuva e a depender da incidência da luz solar, as águas transparentes ganham tons de verde que impressionam.

Não bastasse esse farto pacote aquático, adicionam potência a Carrancas os marcos da Estrada Real dentro de seu território, as fazendas centenárias e uma gastronomia que começa a se sofisticar, sem jamais perder a ternura caipira do fogão a lenha.

A 290 km de Belo Horizonte e 430 km de São Paulo, Carrancas foi fundada por bandeirantes durante o ciclo do ouro, em 1713.

Encravada no Caminho Velho da Estrada Real, que ligava Ouro Preto à fluminense Paraty, a cidade faz uma dobradinha redonda com a cultural e histórica Tiradentes, que está distante 94 quilômetros.

De cinco anos para cá, o antigo povoado de Carrancas vem se inserindo no mapa das escapadas para casais, famílias, adeptos de trekking e fãs da santa trindade retiro nas montanhas-relax em águas revigorantes-comida gostosa.

Carrancas virou uma alternativa “raiz” a Capitólio, sua conterrânea tomadas pelas massas de ecoturistas e aventureiros.

Como tem, literalmente, centenas de atrações naturais, nove complexos foram criados, agrupando cachoeiras, lagoas, poços, escorregadores e cânions: Zilda, Grão Mogol, Tira Prosa, Ponte, Toca, Fumaça, Onças, Vargem Grande e Serra do Moleque (parte da Zilda comprada e transformada em parque, aberto no ano passado).

Problema bom é definir um roteiro. Converse com os carranquenses, de nascimento e RG ou por opção —há muitos paulistanos e alguns cariocas nesse segundo grupo—, e cada um dará sua resposta particular à relevante pergunta: afinal, entre as mais de 80 candidatas, qual a cachoeira mais bonita do pedaço?
Um “top 5” informal levantado durante seis dias na cidade traz Guatambu, Zilda, Esmeralda, Salomão e Grão Mogol. A elas, então.

Unanimidade no quesito “não pode faltar na viagem”, o Complexo Vargem Grande fica a 9 quilômetros do centrinho de Carrancas por estrada de terra (R$ 5 o estacionamento; não cobra taxa de visitação).

Seguindo uma trilha leve, de meia hora, chega-se a um dos tesouros da região: a cachoeira da Esmeralda, cuja cor das águas faz jus ao seu nome no período entre 11h e 13h.

O caminho pode ser mais marcante que o destino, certamente, mas aqui ele prepara num crescendo o terreno para o “gran finale”. 

Poços como o Três Irmãos, o Beija-Flor e o Louva Deus surgem em meio à beleza árida do cerrado (o município está em zona de transição entre este bioma e a mata atlântica).

A 12 quilômetros do centro, o Complexo da Zilda tem muito o que ver e aproveitar como o escorregador da Zilda, a cachoeira dos Índios e as pinturas rupestres gravadas há cerca de 3.500 anos ali.

É curioso estar no local e tentar voltar no tempo. 

O Sítio Arqueológico Lapa da Zilda foi criado recentemente com o objetivo de conservar o local e garantir o acesso tanto de pesquisadores quanto de visitantes.

O turista paga R$ 5 para deslizar pelo escorrega natural do complexo, mas as demais atividades por ali são gratuitas. 

Aventureiros vão curtir a Racha da Zilda (R$ 20 de taxa), mas a visita, neste caso, exige a companhia de um guia.

Você vai mergulhar no poço Sonrisal e atravessar a nado um cânion estreito até desembocar em uma secreta queda d’água.

Duas outras quedas d’água favoritas dos frequentadores estão no vizinho Parque Serra do Moleque, cujo ingresso custa R$ 25: a cascata da Zilda em si, com prainha e bastante espaço para banho, e a linda Guatambu. 

Essa última cachoeira fica escondida entre a mata e os paredões de pedra e recebeu o apelido muito adequado de “paraíso perdido”. O desfrute desse éden, porém, demanda uma caminhada de nível intermediário. 

De acesso difícil, o Complexo Grão Mogol conserva piscinas naturais muitas vezes desertas (entrada a R$ 15). Já o da Ponte, a 2 quilômetros da cidade, cobra uma taxa de visitação de R$ 5, enquanto oferece trilhas bem tranquilas e uma série de cinco poços e cachoeiras de águas cristalinas. Não perca a do Salomão.

Um mergulho é a melhor recarga de bateria para o espetáculo do fim do dia: o sol se pondo, visto do topo de uma das serras que emolduram a cidade de Carrancas.

Pedras com caras de poucos amigos davam susto em garimpeiros

Diz a lenda que o nome Carrancas vem de duas grandes rochas fincadas nas montanhas. Para os garimpeiros que chegavam em busca de ouro no século 18, elas formavam dois rostos nada amigáveis.

Ouro mesmo nunca foi encontrado nessas terras, mas a antiga vila bandeirante é o município que abriga a maior extensão da Estrada Real. Cerca de 70 quilômetros do caminho passam pela cidade.

Com dois mirantes excelentes para contemplar o pôr do sol, o caminho Cruz das Almas tem totens históricos de demarcação e pode ser percorrido a pé, para quem gosta de uma boa caminhada, de bicicleta ou a cavalo.

A agência Eco Adventure organiza passeios de quadriciclo para fechar o dia em Carrancas (a partir de R$ 125 por veículo). Já para abrir os “trabalhos” com uma dose de adrenalina, a sugestão é fazer o pacote de cachoeiras da empresa, a bordo de uma moto fora de estrada, circulando entre paredões, serras e vales. Dura seis horas e custa R$ 450 por veículo. Informações no site carrancaseco.com.br.

Outra opção é o roteiro da Poliana Turismo (polianaturismoeeventos.com.br). O passeio em carro 4x4 pelas nascentes do rio Capivari começa em trecho bonito da Estrada Real, faz parada em um complexo da zona rural (Zilda, Serra do Moleque, Onças ou Grão Mogol) e vai para o lado mais selvagem de Carrancas.

A agência cobra R$ 600 por carro. Integram esse passeio as serras das Broas, das Bicas e do Galinheiro, além de cachoeiras com pouquíssima visitação, como é o caso do quarteto Grande, Encontro, Pulo e Grampos.

O final fica para a chapada das Perdizes, lar de lobos-guarás, onças-suçuaranas, carrancas rochosas e mirantes.

O Pico do Abanador, a 1.590 metros de altitude, fez as vezes de Monte Roraima em cenas da novela “Império” (2014). Diante de tal cenário, quem precisa de ouro?


Onde se hospedar

Chalé Terra Viva A pousada, que fica a 3,5 km da cidade, tem sete chalés e área total de 60 mil metros quadrados com muita área verde. As acomodações têm lareira, hidromassagem e cozinha. Diárias a partir de R$ 286; chaleterraviva.com

Pousada Além das Formas O local tem 15 suítes e atrações como área para churrasco, quadras de areia, pomar e local de meditação. Os preços começam em R$ 198 na suíte mais básica, que acomoda três pessoas; pousadaalemdasformas.com.br

Pousada 7 Quedas Fica dentro de uma área de preservação ambiental, onde é possível fazer caminhadas e encontrar piscinas naturais e cachoeiras. Os preços partem de R$ 290 por noite; pousada7quedas.com.br

Tira Prosa Opção de camping na região, também tem um hostel com três quartos. Quem quiser acampar paga R$ 30 por dia e, para pernoite no hostel a diária é R$ 50;
tel.: (35) 9 9993-7452

Pousada Roda Viva Tem 40 apartamentos e fica no perímetro urbano. Conta com piscinas e sauna. A diária para o casal custa R$ 190 no apartamento padrão e R$ 240 no de luxo;
tel.: (35)-3327-1031

Pousada Luz do Sol Também fica na área urbana. Tem piscina e churrasqueira. A diária para um casal custa R$ 190 com café da manhã; carrancasluzdosol.com.br


Pacotes

R$ 804 
2 noites em Belo Horizonte, na Top Brasil Turismo (topbrasiltur.com.br
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios a Tiradentes e a São João del Rei, além de traslados. Sem aéreo

R$ 858 
2 noites em Belo Horizonte, na CVC (cvc.com.br
Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios em Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João del Rei. Pacote rodoviário

R$ 1.149 
3 noites em Belo Horizonte, na Maringá Lazer (maringalazer.com.br
Saída em 22 de dezembro. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios a Tiradentes, Ouro Preto e São João del Rei. Inclui passagem de ônibus a partir de São Paulo

R$ 1.240 
4 noites em Tiradentes, na Abreu (abreutur.com.br
Saída em 7 de novembro. Hospedagem em quarto duplo, com meia pensão. Não inclui passeios. Com aéreo a partir de São Paulo

R$ 3.473 
3 noites em Tiradentes e Ouro Preto, na RCA Turismo (rcaturismo.com.br
Pacote válido até 20 de dezembro. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios pelas cidades e traslados. Sem passagem aérea

R$ 3.550 
3 noites em Tiradentes e Ouro Preto, na Tereza Ferrari (terezaferrariviagens.com.br
Duas noites em Tiradentes e uma em Ouro Preto. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios e seguro-viagem. Sem passagem aérea

A jornalista viajou a convite da Acetur (Associação Carranquense dos Empreendedores de Turismo)  

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