Casas do terror em Orlando reproduzem cenas de 'The Last of Us' e 'Stranger Things'; Folha visitou

Sucessos das telas viram atrações de halloween no parque Universal Studios

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Na casa mal-assombrada de The Last of Us, infectados perseguem os visitantes, em cenas que remontam ao jogo do Playstation e à série da HBO

Na casa mal-assombrada de The Last of Us, infectados perseguem os visitantes, em cenas que remontam ao jogo do Playstation e à série da HBO Divulgação

Orlando (EUA)

O Dia das Bruxas em si é só em 31 de outubro. Mas os americanos são tão aficionados pela data que, no país, as celebrações se iniciam bem antes. Em Orlando, o clima macabro começou no início deste mês, com a abertura do Halloween Horror Nights, as "noites do terror" do Universal Studios, um dos parques do resort da Universal na Flórida. O lugar aproveita sua pegada cinematográfica para trazer à vida real os grandes sucessos das telas.

A principal novidade deste ano, o 32º do evento, é a casa de "The Last Of Us", o jogo de PlayStation que recentemente ganhou uma série na HBO e fala de um mundo tomado por uma praga que veio dos fungos.

A reportagem da Folha fez um tour pela atração antes da abertura oficial, na companhia de Neil Druckmann, criador do jogo, e de Mike Aiello, diretor criativo do evento. Ambos começaram a trabalhar no projeto há cerca de dois anos, quando o primeiro visitou o parque e pensou que seria uma boa ter uma casa baseada no jogo. Ele jogou a ideia no Twitter e, logo em seguida, recebeu uma mensagem de Aiello: "vamos nessa!"

O plano, segundo eles, não era criar uma experiência exatamente assustadora, mas envolver os visitantes em uma jornada com Joel e Ellie, os protagonistas da história. Essa aventura começa por uma importante cena de ação da dupla: uma emboscada que os leva a bater o carro numa loja de conveniência.

Atravessar os escombros do acidente, com a música do jogo ao fundo e Joel indicando o caminho, já ambienta os visitantes no clima de suspense.

Na sala seguinte, se debate sobre uma maca um corpo infectado pelo fungo que move a trama. Sons de estaladores (como são chamadas as pessoas em contágio) são ouvidos e, logo, eles começam a avançar sobre os visitantes, elevando a tensão e apertando o passo da galera.

Entre personagens horrendos, jatos de ar comprimido que vêm do nada e gotículas que simulam os esporos infectantes, os visitantes são obrigados a se embrenhar por labirintos que simulam a sujeira dos que aparecem no jogo —passando pelas casas abandonadas, esquinas e subúrbios sitiados de Pittsburgh.

"Ao fazer o jogo, sempre dizíamos que metade da experiência viria da audição, porque a tensão das cenas vem da antecipação do medo. E a melhor maneira de criar essa antecipação é ter o som da ameaça antes mesmo de ela aparecer", diz Druckmann, completando que todos os áudios da casa foram extraídos diretamente do jogo, assim como as falas de Joel e Ellie, gravadas pelos dubladores originais dos personagens.

"Talvez mais importante que a autenticidade visual tenha sido a autenticidade dos sons, porque eles garantem uma verdadeira imersão no ambiente, da mesma forma que a música, que cria uma resposta emocional no público", diz o criador da franquia.

Mantendo fidelidade à atmosfera sombria e triste do jogo, um dos pontos altos da casa de "The Last of Us" não é assustador, mas emocionante: é quando os visitantes dão de cara com Ellie, que preocupada em proteger o grupo, indica um caminho seguro rumo à saída. É a primeira vez que os fãs da série veem a personagem em carne e osso —e é quase impossível não parar para prestar atenção aos olhos assustados da adolescente.

"Tentamos recriar a experiência do jogo, com uma narrativa cheia de altos e baixos, como qualquer bom filme ou série de TV", diz Aiello, que menciona ainda os jogos de espelhos espalhados pela casa, que criam ilusões de ótica ao mesmo tempo que escondem personagens, como os temidos trôpegos que aparecem mais para o fim do percurso.

"Em um momento você está fugindo dos infectados e cai numa sala escura. Pensa ‘será que estou seguro agora?’, e logo se assusta de novo, para em seguida ver Joel e Ellie interagindo entre si. E no final, todo esse conjunto de emoções faz você sentir que sobreviveu àquela jornada, em vez de apenas ter passado por dez sustos muito legais."

Mas nem todas as dez casas mal-assombradas do Halloween Horror Nights valem a fila, que pode chegar a quase duas horas de espera, enquanto os percursos não duram mais do que alguns minutos.

Por isso, é importante se programar para conhecer as melhores atrações —que, no geral, são as que reproduzem cenas que fazem parte do nosso imaginário. É o caso do portal para o mundo invertido da casa de "Stranger Things", que leva os visitantes a atravessar uma cena em que a personagem Eleven levita a forma humana do vilão Vecna, e a casa de "O Exorcista", que tem um percurso tão extenso quanto perturbador.

Entre as casas que poderíamos chamar de originais —isto é, desenvolvidas do zero pelo time da Universal— há opções que surpreendem pela qualidade visual. É o caso da Universal Monsters: Unmasked, que reproduz catacumbas com mostros como Dr. Jekyll e Mr. Hyde, o Fantasma da Ópera, o Corcunda de Notre Dame e o Homem Invisível. Ou da Yeti: Campground Kills, na qual abomináveis homens das neves perseguem visitantes pela floresta. Ou ainda o circo de horrores de Dr. Oddfellow, mestre de cerimônia do evento.

O Halloween da Universal exige um ingresso específico além do ingresso diurno do parque (que custa a partir de R$ 536 por dia). É possível comprar apenas uma noite (US$ 80 ou R$ 393) ou combos de 18 noites ou mais (a partir de US$ 180 ou R$ 885). Há também um passe que permite furar as filas por mais US$ 120 (cerca de R$ 590).

Quem é fã de Halloween pode investir no R.I.P. Tour, em que um guia leva um grupo a cada uma das casas, também sem fila (cerca de R$ 1.622, comprado à parte), e no Unmasking the Horror, um tour diurno que mostra os bastidores das casas (cerca de R$ 590, além do ingresso).

O jornalista viajou a convite do Universal Orlando Resort

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.