Ver as quedas de Foz do Iguaçu é o ponto alto da visita à Tríplice Fronteira

Estadia no Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort inclui passeios pela região

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"As alturas não me intimidam." Não é de estranhar que esta frase tenha sido dita por Alberto Santos Dumont, pai da aviação. O curioso é que não foi proferida em Paris, voando a bordo de um de seus aparelhos mais pesados que o ar.

Conta a história que seu destemido aviso foi dado à beira de um dos precipícios das imensas cataratas da foz do Iguaçu, no Paraná, em abril de 1916. E foi o ponto de partida para o atual parque nacional de 1.700 quilômetros quadrados que acolhe uma das sete maravilhas naturais do mundo e recebeu, só no primeiro semestre deste ano, mais de 850 mil visitantes.

Cataratas com água amarronzada e forte correnteza
Cataratas do Iguaçu em outubro de 2023, último dia em que a passarela panorâmica ficou aberta para turistas - Folhapress

Naquele dia, mais de um século atrás, Santos Dumont teria dito ao proprietário da fazenda que circundava as quedas, seu preocupado anfitrião Frederico Engel: "Estas maravilhas em torno das cataratas não podem continuar a pertencer a um particular". Hoje fazem parte do parque público dirigido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Passear ao longo das vertiginosas quedas d’água é o ponto alto da visita à Tríplice Fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai, embora no momento o desequilíbrio climático recomende alguns cuidados. É uma região onde cataratas, rios e história no fundo falam mais alto que as fronteiras geográficas impostas depois da chegada dos europeus ao continente —como você entenderá rapidamente se conseguir ver o filme "A Missão", dirigido por Roland Joffé em 1986, a que assisti há muito tempo e não sei mais onde encontrar.

Embalado pela trilha de Ennio Moricone, o filme traz delícias como ver, jovenzinhos, artistas do porte de Robert De Niro, Jeremy Irons, Liam Neeson. E foi filmado ali, tendo as cataratas ao fundo, retratando a forma como os europeus (as coroas espanhola e portuguesa, os jesuítas), enquanto cobiçavam as novas terras, labutavam (ora escravizando os nativos para trabalhos forçados, ora escravizando suas mentes pela catequização) para destruir a integridade cultural e populacional da região. É instrutivo e emocionante, ao visitar a região, ficar atento às similitudes das culturas –derivadas dos povos guarani— que sobrepassam as fronteiras artificiais.

Mas não foi bem para isto que viajei até Foz do Iguaçu, no Paraná: foi para conhecer o novo investimento de um hotel —o Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort— na gastronomia. Em homenagem ao fundador do grupo hoteleiro, ainda familiar e brasileiro, e que tem origens italianas, o hotel inaugurou um novo restaurante, o Vezzoso, de cozinha italiana concebida pelo chef Salvatore Loi, ex-grupo Fasano e hoje sócio do Modern Mamma de São Paulo.

Conhecemos o cardápio italiano tradicional (incluindo clássicos do chef, como sua lasanha de vitelo) implantado no restaurante gastronômico, que logo, com o mesmo nome, também estará presente no hotel da rede em Atibaia (SP). Mas pudemos também conhecer pratos com sabor regional, servidos no restaurante de bufê do hotel, entre eles a costela de cordeiro assada por seis horas no fogo de chão, servida com chipa (bolo salgado de milho de origem guarani típico da fronteira); ou o churrasco preparado e servido na horta orgânica de 2.600 metros quadrados (e 45 anos de vida!), vizinha a uma área do hotel dominada pela mata atlântica, marco do ecossistema de toda a região.

O hotel também incluiu em nosso programa um apanhado da região, incluindo, é claro, a indispensável visita às cataratas ao longo de passarelas imersas no parque nacional, com direito ainda ao passeio do Macuco, o trajeto num barco que se intromete na queda d´água para delírio dos encharcados visitantes.

As notícias recentes dão conta de que os passeios em parte das passarelas que bordejam as cataratas têm sido suspensos devido à ferocidade das quedas d’água: se a vazão média (e segura para os visitantes) é de 1,5 milhão de litros por segundo, nas últimas semanas, com as chuvas que vêm castigando o sul do país e provocando cheias no rio Iguaçu, a vazão chegou a picos de 24 milhões de litros por segundo.

Se sua viagem estava marcada para os próximos dias, prepare-se para assistir, nas passarelas mais afastadas, a um espetáculo raro de explosão da natureza. E de toda forma, aproveite a viagem visitando o Marco das Três Fronteiras, de onde, no lado brasileiro, se avistam os marcos dos outros dois países, e são feitas apresentações de danças típicas e vendidos quitutes nos quiosques. (Danças "típicas" de hoje, isto é, samba, tango, bolero —faz falta a recuperação das manifestações indígenas que tenham sobrevivido aos cinco séculos de ocupação europeia.)

Outra atração é a visita ao Parque das Aves, um santuário natural cheio de beleza e informação sobre a parte alada da linda fauna local.

O passeio turístico pode incluir também um pulinho até a Argentina (a cidade fronteiriça de Puerto Iguazu), onde se fala português em todo lado e se compra vinhos em reais mesmo, no pix ou cartão (sem impostos e com o câmbio favorável, os preços estão irresistíveis).

Fora este escorregão consumista, o restante é uma oportunidade de conhecer uma região onde a cultura ancestral –a dos guaranis, a da mata atlântica original, a da força das águas— ainda pode ser sentida ou ao menos intuída, unificando três países numa área que nasceu de uma história comum.

O jornalista viajou a convite do hotel Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort

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