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Recenseadores do Amazonas usam até voadeiras no Censo 2010
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KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
No Amazonas, Estado que abriga a maior população indígena do Brasil, os recenseadores do Censo 2010 estão viajando de avião, carro, voadeira (canoa com motor de popa), de helicóptero e até caminhando pela floresta, para realizar a pesquisa em 961 comunidades indígenas.
Dos 2.770 recenseadores contratados no Estado, ao menos 600 farão o Censo em terras indígenas. O trabalho começou este mês e termina em outubro. A remuneração ficará entre R$ 5.000 a R$ 7.000.
Pela quarta vez, o recenseador Joaquim de Nazaré, 54, participa da pesquisa do IBGE na região da Cabeça do Cachorro, em São Gabriel da Cachoeira, (mais de 1.000 km a noroeste de Manaus), na fronteira com a Colômbia.
Para chegar às aldeias na pesquisa do ano 2000, ele teve que nadar no rio Papuri (afluente do rio Negro), segurando a voadeira, para escapar de uma cachoeira. E fugiu de uma cobra para não ser atacado.
"A gente tem que fugir das cobras, não podemos matar. A lei ambiental proibiu", afirma o recenseador, que sempre viaja acompanhado de um piloto de voadeira e de um guia.
No Censo deste ano, Nazaré viajará pelo rio Içana, outro afluente do Negro. Usará como transporte a voadeira, caminhão e canoa.
Ele diz que, quando os índios não falam o português, um servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) faz a tradução. Sobre as perguntas deste ano, que inclui a etnia e língua, o recenseador diz: "Eles vão achar estranho a pergunta sobre o sexo porque nunca foi feito este tipo de pergunta antes".
Outro recenseador, Valdimar Nascimento, 26, partirá da sede do município de São Paulo de Olivença (988 km a oeste de Manaus) para chegar às comunidades indígenas do rio Jandiatuba, no alto Solimões.
Na pesquisa de contagem da população em 2007, Nascimento fez a pesquisa na tribo ticuna do Campo Alegre. "Andei muito a pé no meio da selva para chegar à comunidade, agora vou enfrentar tudo de novo", disse.
Para cobrir as distâncias no Amazonas este ano, o custo com logística e transportes, segundo o IBGE, será de R$ 2,5 milhões.
Há dez anos, a pesquisa localizou 103.391 índios no Estado. Este ano os recenseadores usarão o GPS (sigla para Sistema de Posicionamento Global). "Com o GPS será possível localizar as etnias e direcionar políticas de assistência e saúde", afirmou Adjalma Jaques, do IBGE no Amazonas.
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