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Mizael nega crime e diz que vai investigar quem matou Mércia
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JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO
O ex-PM Mizael Bispo de Souza, ex-namorado da advogada Mércia Nakashima, negou qualquer envolvimento no crime durante o quarto dia de audiência do processo sobre a morte da jovem, realizado no fórum de Guarulhos (Grande São Paulo). O depoimento de Mizael começou por volta das 14h desta quinta-feira e durou quase duas horas.
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O juiz Leandro Cano perguntou se Mizael havia matado Mércia, e ele respondeu: "Nunca, excelência, jamais". "Eu acho que foi armadilha que armaram para mim. A gente não sabe, mas sempre tem inimigos. Não posso citar nomes". Ele disse que vai investigar a morte da advogada por conta própria.
Questionado se concorda que o assassinato foi cometido com requintes de crueldade, o ex-PM disse que sim. "Uma pessoa que comete uma barbaridade dessa e ainda coloca outra pessoa que não tem nada a ver na fogueira tem que pagar na mesma moeda", afirmou.
Mizael criticou o trabalho da polícia na investigação sobre o crime, afirmando que foi sempre direcionado a ele. "Quando termina um relacionamento, o outro é sempre suspeito. Como não tem outra linha de investigação, fizeram isso".
Sobre os vestígios encontrados em seu sapato pela perícia, Mizael disse que nunca usa sapato nos fins de semana, pois é obrigado a usar terno e gravata de segunda a sexta. Ele diz que no fim de semana está sempre de calça jeans e tênis.
Wendy Vatanabe/Diário de Guarulhos | ||
Mizael Bispo de Souza é interrogado no quarto dia de audiência sobre a morte de Mércia Nakashima, no fórum de Guarulhos |
Ele confirmou que no dia 16 de maio saiu com Mércia e dormiu com ela. Ele disse que preferia não falar onde estiveram por respeito à família, que acompanhava o depoimento. Segundo os registros da polícia, eles foram a um motel.
Mizael descreveu Mércia como uma mulher carinhosa, trabalhadora, esforçada, e afirmou que tinham um relacionamento bom. Disse também que, antes do desaparecimento, a advogada se encontrou com ele e disse que passava dificuldades financeiras e que sua mãe precisava comprar remédios. Neste momento, a família Nakashima se manifestou ao juiz, mostrando indignação com a declaração.
O ex-PM disse que sempre andou com muitos celulares, ao ser questionado sobre o fato de não ter informado à polícia sobre o telefone que usou para falar com Mércia e Evandro Bezerra Silva --vigia acusado de ajudá-lo no crime-- nos dias próximos do desaparecimento da advogada, em 23 de maio.
Afirmou não se lembrar de um deles --que não está cadastrado em seu nome. Segundo a polícia, Mizael usou o telefone para falar com Evandro 19 vezes no dia do sumiço de Mércia.
Mizael voltou a afirmar que, no dia 23 de maio, pegou uma garota de programa na alça de acesso à rodovia Hélio Smidt (do aeroporto de Guarulhos) e que ficou com ela, dentro do carro, na avenida Perimetral, em frente ao Hospital Geral de Guarulhos.
Ele afirmou que estava indo para uma boate no centro de Guarulhos quando viu a mulher. Ele perguntou se ela estava trabalhando, e a mulher respondeu que não, mas que poderia conversar. Ele parou o carro, mas não desligou o motor, e ela entrou.
Ao contrário do que disse nos depoimentos à polícia, Mizael afirmou que ficou com a mulher dentro do carro por cerca de uma hora e meia --e não três horas e meia. Disse que a mulher tinha olhos claros, cabelo preto, cerca de 1,60 m de altura e acha que o nome dela é Ariana ou Ariane, mas não tem certeza. No primeiro depoimento na polícia, Mizael afirmou que a mulher com que ele teria ficado na frente do hospital era loira, no segundo disse que era morena e, num terceiro, disse que não se lembrava.
Durante uma discussão, o advogado de defesa de Evandro, José Carlos da Silva, disse que o Ministério Público fez proposta de delação premiada ontem ao seu cliente. A defesa negou o pedido. "Eu não vou apresentar uma proposta para o meu cliente que, desde o início, disse que nunca esteve na represa de Nazaré Paulista", afirmou o advogado.
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