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Ribeirão Preto

01/09/2012 - 13h06

Em escuta telefônica, advogado combina com preso entrega de muleta

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DE RIBEIRÃO PRETO

Escutas telefônicas feitas com autorização judicial no presídio de Araraquara (273 km de São Paulo) apontam, segundo investigações, que o advogado Roberto Fiore, flagrado na última segunda-feira (27) com uma muleta com celulares escondidos, combinou a entrega do material com um preso.

O flagrante da tentativa de Fiore de dar a muleta ao preso, na última segunda-feira, ocorreu por acaso. Um policial que fazia a escolta do detento para uma audiência notou que a muleta estava com peso acima do normal e achou os celulares.

Por coincidência, já vinham sendo feitas escutas telefônicas no presídio, fruto de uma investigação de três meses do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil para identificar a atuação da facção criminosa PCC na unidade prisional.

Com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional, foram feitas varreduras no presídio e achados pelos menos 30 celulares e mais de cem linhas ativas.

A suspeita da polícia e da Promotoria é que os celulares eram usados na comunicação entre membros do PCC, parentes e advogados.

Depois da prisão de Fiore, decidiu-se verificar se havia nas gravações alguma referência ao plano da muleta. Foi nessa checagem que a investigação, por acaso, flagrou conversas ainda na segunda-feira de manhã, antes do flagrante, sobre o plano da muleta.

Num trecho dessas conversas --cuja transcrição a Folha teve acesso--, um preso conversa com um homem que foi identificado pelas investigações como sendo Fiore.

O detento pede para ele levar a muleta para o Fórum por volta das 12h30. "Eu acerto lá pela uma hora [13h] só para trocar esse negócio [muleta] para ele", afirmou o homem identificado como o advogado.

Uma outra linha de investigação aponta que uma testemunha conseguiu presenciar o momento em que, pouco antes da audiência, Fiore teria entregue a muleta a uma mulher --para a Polícia Civil, a ideia do advogado era que a mulher, mãe do preso, iria sozinha entrar com a muleta no Fórum. Como foi impedida na portaria, Fiore teve então de entrar em cena.

Para o promotor Herivelto de Almeida, as provas são contundentes de que o advogado usou de sua prerrogativa profissional para servir de comunicação entre presos e a entrada ilegal de celulares.

OUTRO LADO

Em prisão domiciliar desde segunda, Fiore foi levado para a penitenciária na quinta-feira (30) depois de a Justiça decretar sua prisão preventiva.

Em entrevistas antes de ser levado ao presídio, o advogado disse à Folha que não conhecia a mãe e preso e que só quis prestar um favor à mulher de levar a muleta ao filho.

O advogado Paulo Fernando Ortega, que defende Fiore, aguarda decisão da Justiça do pedido de revogação da prisão.

À Folha, nesta sexta-feira, ele criticou as condições nas quais Fiore está instalado. Segundo Ortega, ele está em uma cela comum, junto a outros presos, com um regime de banho de sol de apenas duas vezes por semana.

Para o defensor, as condições não condizem com a sala de Estado maior a que, diz, tem direito todo advogado.

 

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