Rivais, candidatos favoritos à Reitoria da USP já estiveram do mesmo lado
Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação | ||
Reitoria da Universidade de São Paulo; novo reitor da instituição será escolhido nesta segunda-feira |
Os dois candidatos mais bem posicionados na disputa pela Reitoria da USP representam posições opostas em relação ao atual reitor, mas ambos estiveram juntos nas duas últimas gestões à frente da universidade.
Uma comissão eleitoral define nesta segunda-feira (30) a lista tríplice que seguirá para o governador Geraldo Alckmin (PSDB) –a quem cabe escolher o reitor.
Uma consulta, não deliberativa, feita à comunidade uspiana no último dia 23 mostrou o atual vice-reitor, Vahan Agopyan, com a maioria dos votos dos professores. Ele é seguido da professora Maria Arminda do Nascimento Arruda –que se apresenta como oposição ao atual dirigente, Marco Antonio Zago.
Diretora da FFLCH, Maria Arminda esteve nos dois primeiros anos de gestão de Zago como pró-reitora de Cultura e Extensão, um dos órgãos centrais da universidade.
Havia estado, ainda, no mesmo cargo durante o mandato anterior, do ex-reitor João Grandino Rodas. Também Agopyan ocupava um dos cargos fortes naquela gestão, de pró-reitor de Pós-Graduação.
A candidatura de Maria Arminda questiona suposto direcionamento do atual reitor em favor da candidatura do vice. Isso ocorreu após texto oficial da USP de divulgação do resultado da consulta interna ter sido alterado.
Na primeira versão, o destaque era dado para o fato de Maria Arminda ter recebido o maior volume geral de votos (somando professores, alunos e servidores) –apesar de mostrar, em um quadro, a divisão por categoria. A publicação foi editada, alçando ao destaque a preferência dos professores pela chapa encabeçada por Vahan.
Um comunicado encaminhado à toda a comunidade USP também trouxe a mesma leitura, que, segundo a candidata, favorece Vahan. "Ficamos muito desconfortáveis, porque sabemos do compromisso da informação", diz ela.
À Folha, Zago defendeu que a alteração no texto do site teve uma "razão técnica". "É errado totalizar votos para aferir um comportamento do todo a partir de amostras de categorias sem a devida proporcionalidade."
Pelo que indicou a consulta, o professor Ildo Sauer, também critico à atual gestão, aparece em terceiro. Se mantida essa tendência, a quarta chapa, encabeçada pelo professor Ricardo Terra, deve ficar fora da lista tríplice.
Mais importante universidade do país, com 88 mil alunos, a USP conta com um orçamento de cerca de R$ 5 bilhões. Desde 2014, uma crise financeira tem sido o maior desafio –o que deve ainda marcar os próximos anos.
VOTAÇÃO
Apesar da consulta, o resultado que vale mesmo é o da votação desta segunda. Dos 2.097 eleitores habilitados, por fazerem parte de órgãos centrais de unidades e da universidade, 85% são docentes.
O pleito, em turno único, pela primeira vez será on-line, mas haverá 13 pontos de votação tradicional.
A lista com as três chapas mais votadas segue para Alckmin. O governador pode escolher qualquer nome da relação. O mandato de reitor é de quatro anos.
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Vahan Agopyan, 65
Engenheiro pela Escola Politécnica, da qual foi diretor. Atual vice-reitor, defende continuidade das ações da atual gestão, como cotas e de teto de gastos com folha de pagamento. Pretende ampliar o teto salarial dos professores, hoje limitado aos ganhos do governador
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Maria Arminda do Nascimento Arruda, 69
Professora de sociologia e atual diretora da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Ex-pró-reitora da gestão atual, prega mais diálogo quer repactuação com o Estado sobre recursos, com revisão do modelo de cálculo da fatia do ICMS que a USP recebe
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Ildo Luís Sauer, 63
Professor da Escola Politécnica da USP, foi diretor de gás e energia da Petrobras de 2003 a 2007. Defende rever formato de graduações, combater evasão, criar cadeira para vencedores do Nobel e diversificar fontes de recursos externos para a universidade
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Ricardo Ribeiro Terra
Professor de Teoria das Ciências Humanas da FFLCH, quer fim da eleição para reitor e criação de sistema de comitê de busca de dirigentes. Defende explorar cursos de extensão pagos, reformar quadro "excessivo" de funcionários e fortalecer o código disciplinar para lidar com "grupelhos"
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