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Itália não está pronta para lutar pelo penta no Brasil, diz Prandelli

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Em três anos à frente da Itália, Cesare Prandelli, 55, já fez muito mais do que se poderia imaginar de um técnico cujo único título foi o da Série B do Calcio.

Ele rejuvenesceu um time que parecia não ter peças para o futuro, derrubou um antigo sistema de jogo baseado na retranca e foi vice da Eurocopa-2012.

Apesar do rápido sucesso, surpreendente até para ele, o treinador ainda não vê a Azzurra capaz de brigar em 2014 pelo quinto título mundial.

O projeto não está completo. Alguns jovens têm de ganhar mais experiência. Outros ainda precisam ser mais testados com a pesada camisa azul. Dar rodagem para uma equipe em reciclagem é o objetivo da Itália na Copa das Confederações.

A equipe de Prandelli desembarcou nesta segunda-feira ao Brasil (o que não acontecia há 56 anos) e estreia no dia 16 contra o México. Na primeira fase do torneio, ainda enfrenta Brasil e Japão.

Folha - Em 2010, você pegou um grupo envelhecido e com falta de nomes para uma renovação. Três anos depois, tem um time cheio de jovens e é vice-campeão europeu. Acha que cumpriu seu objetivo?
Prandelli - Estava convencido que ainda tinha alguns pilares, como Gigi Buffon, Andrea Pirlo, Daniele de Rossi, Giorgio Chiellini e Claudio Marchisio, e muitos jovens jogadores aparecendo para dar à Itália uma perspectiva interessante para os próximos quatro anos. Nosso resultado na Euro-2012 foi além das expectativas que tínhamos, mas não dá para fizer que já alcançamos nossas metas.

Quais foram os maiores desafios para rejuvenescer esse time?
Havia uma grande preocupação, mas a federação teve a capacidade de reverter o pessimismo em otimismo redefinindo o projeto das seleções jovens e colocando sob controle do diretor técnico Arrigo Sacchi. A eliminação do time sub-21 da Euro-2010, que era classificatória para os Jogos Olímpicos de Londres, foi muito decepcionante, mas a FIGC estava confiante que o programa estava no caminho certo e só precisava se desenvolver. Três anos depois, as seleções sub-17 e sub-21 se classificaram a fases finais dos Campeonatos Europeus e temos vários jovens de destaque, como Mario Balotelli, Stephan El-Shaarawy, Marco Verratti, Mattia de Sciglio, Mattia Destro e Alessandro Florenzi, sendo promovidos para o time principal.

Você acha que a crise econômica dos clubes italianos ajudou, já que os times tiveram que contratar menos e usar mais jovens?
É lógico que a crise teve um papel importante neste processo, assim como a introdução do Fair-Play Financeiro. Mas prefiro pensar que a maioria dos clubes italianos profissionais percebeu que rejuvenescer suas equipes e investir em jovens é algo importante e natural.

Outra característica do seu trabalho tem sido a adoção de um estilo mais ofensivo que seus antecessores. Por quê? Te incomoda a fama italiana de jogar um futebol defensivo?
É verdade que nossa cultura esportiva privilegia o resultado. Infelizmente, apesar de as coisas estarem mudando, estereótipos como o `catenaccio' ainda estão longe de serem apagados. A Itália mostrou um futebol diferente na Euro-2012, como uma mentalidade mais ofensiva e muita técnica, que foi nossa arma secreta. Quando comecei meu trabalho na seleção, estava convencido que a paixão das nossa torcida deveria ser resgatada com um estilo de jogo mais refinado. Foi essa nossa estratégia. A resposta dos jogadores foi totalmente positiva.

Como a mistura racial, com o aparecimento de Balotelli e El Shaarawy, tem ajudado a Itália a mudar seu estilo de jogo?
A contribuição de todo mundo, com mudanças técnicas e mentais, é importante para melhorar nossa qualidade. Da perspectiva dos técnicos, nossa missão é entender que jogadores podem ser úteis para o futebol que queremos jogar e ajudar o talento deles a crescer.

A Itália sempre naturalizou jogadores, mas negros e árabes são uma novidade na seleção. A torcida e a população aceitam bem isso? Racismo ainda é um problema para a Itália?
Todo jogador que tenha passaporte italiano e elegibilidade dada pela Fifa tem o direito de sonhar em jogar pela seleção. Imigrações e emigrações fazem parte da nossa história e da cultura mediterrânea desde o império romano. Há comunidades italianas relevantes na América Latina, na Argentina, Uruguai, Brasil e Venezuela. Pessoas procurando por oportunidades melhores no exterior é um processo natural no mundo todo. Esse pode ser um recurso importante no campo esportivo. Alemanha, França, Holanda e Suíça melhoraram significantemente graças a esse fenômeno. A maioria dos nossos torcedores e da sociedade está absolutamente pronta para isso e é apaixonada por Balotelli e El Shaarawy. Infelizmente, ainda persiste o comportamento racista de uma minoria procurando por visibilidade.

Acha que a Itália está pronta para brigar pelo título da Copa-2014?
Ainda não. Sei que meu pragmatismo pode ser considerado assustador, mas ainda nem nos classificamos para a Copa. Em termos técnicos, ainda preciso definir como adaptar meu estilo de jogo aos jogadores disponíveis.

E qual será o papel da Copa das Confederações no processo de maturação deste time?
É uma competição relevante pensando na Copa do Mundo e uma oportunidade imensa para ver o quão efetivas são nossas estratégias. A participação dos jogadores em um campeonato tão duro dará a chance de eles se avaliarem de diferentes perspectivas.

Algum dos mais talentosos jogadores italianos da atualidade, caso do Balotelli, têm as carreiras marcadas por controvérsias e problemas disciplinares. Como controlar isso?
Nunca tivemos nenhum problema com ele na seleção. Quando os papéis e as obrigações de jogadores e técnicos ficam claros desde o primeiro encontro, você só precisa estimular os jogadores a se sentirem responsáveis por suas ações e colocar o talento a serviço do time.

O futebol italiano foi palco nos últimos anos de escândalos de manipulação de resultado, com direito à invasão da concentração da seleção antes da Euro-2012 para interrogar um jogador. Durante sua carreira, você já soube ou percebeu que alguma partida estava sendo manipulada?
Não, apesar de termos tido outro escândalo nos anos 1980 que deixou o futebol italiano em problemas pouco antes da Copa do Mundo da Espanha [1982]. Agora, a dimensão deste fenômeno sujo é muito mais ampla e envolve futebol e outros esportes a nível global, principalmente em divisões inferiores. Fifa, Uefa, federações nacionais e os governos devem implantar todo tipo de ação para preservar a integridade do jogo a qualquer custo. Ano passado, decidimos excluir Domenico Criscito [lateral interrogado pela polícia] por causa de acusações que se mostraram infundadas depois. De qualquer forma, ele poderia ser chamado para ser testemunha, então não estava livre o suficiente para poder jogar.

Algum dos jogadores que participaram dos esquemas de corrupção pode no futuro jogador pela seleção?
Se um jogador for considerado culpado, ele nunca mais terá chances de ser convocado por mim.

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