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Análise: Superdúvida
LUCAS MENDES
da BBC, em Nova York
Supercautelosos? Supersábios? Superpolíticos ou, se a BBC permitir, supercagões?
Sou fascinado por Barack Obama e eleitor declarado de Hillary Clinton porque, entre outros motivos, ela é mais preparada e tem mais chance de ganhar em novembro. Quando, nos últimos 50 anos, os americanos elegeram um presidente com um dos currículos mais modestos e o título de político mais liberal do país?
Gostam de comparar Barack Obama com JFK, mas John Kennedy era um "falcão" em política externa --escalou a guerra do Vietnã-- e um conservador em questões econômicas. Reduziu impostos. Além disso, a cor de Obama é problema no sul e, pelas pesquisas, para 15% dos eleitores.
Em uma campanha presidencial americana acontecem tragédias e escândalos: o líder de hoje é o assassinado de amanhã, ou o suspeito de corrupção, de algum abuso ou infidelidade conjugal ou doença incurável.
Para a grande maioria dos americanos é difícil entender o plano de luta de Hillary Clinton, dado os números irreversíveis a favor de Obama. Ele tem 160 delegados a mais do que ela, mas Hillary, em uma contagem complicada, diz que tem mais votos populares e que, "na história recente do país, o partido sempre nomeou o candidato com maior número de votos populares".
Pela contagem de Hillary, ela teria todos os votos de Michigan, onde nem ela nem Obama apareciam na lista de candidatos nem fizeram campanha no Estado. Além disso, ela não inclui 15 Estados que foram decididos por caucus e não publicaram resultados do voto popular.
Mesmo nesta contagem mandraquiana, ela ainda pode perder a maioria com os resultados de Dakota do Sul e Montana, e, percentualmente, a vantagem de Obama no número de delegados é bem maior do que a dela no voto popular.
No fim de semana, a comissão do Partido Democrata decidiu dar meio voto aos delegados de Michigan e da Flórida como punição pela mudança de datas de suas primárias. A decisão pode ser salomônica pela sabedoria aritmética, mas foi um desastre entre os partidários de Hillary. Sem os eleitores de Michigan e da Flórida, inconsoláveis neste momento, o senador Barack Obama pode começar a escrever o discurso da vitória.
De 25% a 45% dos eleitores de Hillary Clinton estão descontentes com o processo e dizem que vão votar no senador McCain em novembro. Na eleição de 2000, 64% dos eleitores dos candidatos derrotados nas primárias disseram que não votariam em Al Gore. O número foi muito menor. As pesquisas hoje refletem a amargura e o rancor da derrota.
Nas últimas seis semanas, a senadora fez uma campanha de campeã e ganhou mais votos do que Barack Obama. Hoje, seria a candidata se não tivesse assumido desde o começo que a nomeação seria dela e se desesperado quando começou a perder. Ela recuperou o equilíbrio em Ohio, Pensilvânia e Texas.
O último dia das primárias foi marcado por uma explosão do ex-presidente Bill Clinton sobre um artigo devastador contra ele na revista "Vanity Fair", escrito por um respeitável repórter, mas sem citar fontes.
E, na segunda-feira, em um comício e sem conexão com o artigo, ele disse que talvez fosse o último dia dele nesta campanha.
No mesmo dia, Hillary Clinton errou o nome do prefeito da cidade durante o discurso, teve um ataque de tosse tão forte que precisou ser substituída pela filha Chelsea e dispensou a maioria dos assessores. É o fim.
Então, por que os superdelegados não estão correndo para dar ao senador Barack Obama a ninharia de votos que faltam para ele atingir os 2.118 delegados e a indicação do partido? Por que esperar até quarta?
Os superdelegados querem que a senadora saia sem ser empurrada. E nas campanhas americanas, como há assassinatos e escândalos, há também surpreendentes candidatos a vice-presidente e poderosos ministérios.
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Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
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