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01/04/2007 - 22h30

Atrasos em vôos diminuem; negociação deve prosseguir nesta semana

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da Folha Online

Os atrasos nos aeroportos do país diminuíram neste domingo, depois da nova crise aérea causada pela paralisação dos controladores de tráfego aéreo, na noite da última sexta (30). Na ocasião, decolagens foram suspensas na maior parte do país, e o motim chegou ao fim após acordo firmado com o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no sábado (31), esperar que uma solução definitiva saia até a próxima terça (3).

De acordo com a minuta de negociação assinada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, as conversas com os controladores sobre o processo de desmilitarização do setor e sobre a gratificação para a categoria --duas das reivindicações dos profissionais-- devem ser abertas a partir também de terça.

Neste fim de semana, o advogado dos controladores de tráfego aéreo, Normando Cavalcanti, afirmou que governo precisará cumprir as bases do acordo para garantir que as pessoas que pretendem viajar no feriado da Semana Santa encontrem situação normal nos aeroportos.

"Se a partir de terça-feira não tivermos essas promessas colocadas em prática, pode haver outra greve, e a Semana Santa pode ser outro inferno", afirmou.

Controladores ouvidos pela reportagem afirmaram estar empenhados em solucionar a nova crise do setor, mas alertam que equipamentos velhos e sem a manutenção necessária podem levar a novas panes e prejudicar as operações de pousos e decolagens no país. Eles afirmam que pretendem fazer um levantamento das falhas e analisar, com o governo, o que pode ser feito para evitar novos transtornos aos passageiros.

Desmilitarização

Também neste fim de semana, a Aeronáutica anunciou que um novo órgão poderá ser criado, como parte da desmilitarização do controle do tráfego aéreo --uma das reivindicações da categoria. A expectativa é que a criação ocorra nos próximos dias.

Para Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, esta será uma semana de "transição".

Com a medida, a Aeronáutica abre mão do controle do tráfego aéreo civil e deverá ocorrer um desmembramento do setor: o novo órgão, subordinado diretamente ao Ministério da Defesa, deverá cuidar do controle de tráfego aéreo, enquanto os militares da Aeronáutica ficam com a responsabilidade de cuidar da defesa do espaço aéreo.

"Os militares e civis que atuam em órgãos de controle de tráfego aéreo passarão à subordinação dessa nova organização. A Aeronáutica continuará com sua atribuição institucional de Controle do Espaço Aéreo, cabendo ao novo órgão a ser criado o Controle da Circulação Aérea Geral", afirmou a Aeronáutica, divulgada no sábado.

O texto dizia, ainda, que a Aeronáutica "compreende a posição assumida pelo governo, em face da sensibilidade do assunto para os interesses do país, principalmente no tocante à garantia da tranqüilidade do público usuário de transporte aéreo".

Atrasos

A espera diminuiu neste domingo e o clima nos aeroportos foi de aparente tranqüilidade, embora passageiros ainda reclamem da falta de informações.

Balanço divulgado pela Infraero (estatal que administra os aeroportos) mostra que a espera com mais de uma hora atingiu, da 0h às 18h20 deste domingo, 230 dos 1.127 vôos programados --20,4% do total. O número de vôos cancelados ficou em 18, o equivalente a 1,6%.

No sábado, dia mais prejudicado pela nova crise do setor, os atrasos atingiram, durante todo o dia, 29,5% dos 1.590 vôos. Na sexta, mesmo com o motim dos controladores, o índice diário de espera ficou em 20,2% dos 1.892 vôos, de acordo com a estatal. Nos dois dias, houve confusão nos terminais e muitos passageiros dormiram nos aeroportos.

Com a paralisação dos controladores, aeroportos ficaram lotados entre sexta e sábado. Muitos passageiros dormiram nos terminais. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estima que mais de 18 mil pessoas tiveram os embarques prejudicados em todo o país.

Entre os passageiros afetados estava o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Ele tentava embarcar no Juscelino Kubitschek, em Brasília, no sábado (31). O primeiro brasileiro a subir ao espaço precisou esperar no saguão do aeroporto.

Greve

O motim dos controladores de tráfego aéreo começou na noite de sexta-feira e durou cinco horas, aproximadamente. O movimento teve início no Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em Brasília --que controla o espaço aéreo nas regiões Sudeste e Centro-Oeste--, e ganhou adesão em outras regiões. Com decolagens interrompidas, o motim dos controladores praticamente parou o espaço aéreo brasileiro.

Também na sexta, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou um manifesto sem assinaturas, mas em nome dos controladores de tráfego aéreo brasileiros. Pelo documento, os profissionais reivindicavam, principalmente, o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem".

O argumento seria uma referência, especialmente, à situação de um dos maiores líderes nacionais da categoria, o sargento Edleuzo Souza Cavalcanti, transferido do Cindacta-1, em Brasília para um destacamento em Santa Maria (RS).

No início da madrugada de sábado, o governo cedeu às exigências dos controladores, depois do novo apagão aéreo ocorrido no país, e um acordo pôs fim à paralisação. De acordo com a minuta de negociação assinada, o governo fará a revisão de atos disciplinares --que incluem transferências e afastamentos--; assegura que os envolvidos no protesto desta sexta não serão punidos; abrirá um canal permanente de negociação com representantes da categoria para discutir a gradual desmilitarização; discutirá a remuneração dos controladores civis e militares, a partir de terça-feira (3); e a desmilitarização do controle do tráfego.

Crise

Desde o final do ano passado, passageiros enfrentam constantes atrasos e cancelamentos de vôos.

Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1, de Brasília, sofria com a falta de controladores, pois alguns tinham sido afastados pelas investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrida em setembro.

Depois, falhas em equipamentos passaram a contribuir para aumentar a espera nos aeroportos.

Desde o começo de março, o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), um dos maiores do país, pára sempre que chove forte, pois sua pista auxiliar está fechada para reformas e a principal tem graves problemas de escoamento. Em uma ocasião, um cão atrapalhou as operações ao invadir a pista do aeroporto. No dia seguinte, um novo apagão aéreo afetou outros aeroportos no país.

O último dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros, desde o começo de março. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.

Entre os últimos dias 25 e 27, foi a vez do aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), ter o funcionamento suspenso. Desta vez, a interrupção ocorreu devido ao não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações quando há baixa visibilidade (ILS). O problema revelou que o equipamento estava fora de operação desde 25 de fevereiro, quando foi atingido por um raio.

Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, e ANA PAULA RIBEIRO, da Folha Online, em Brasília. Com Folha de S.Paulo, em Brasília e Agência Folha

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