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Preconceito vira peneira no futebol feminino paulista

Raquel Souza
Especial GD

Na expectativa de que um caça-talentos realize seus sonhos - jogar na seleção brasileira de futebol -, meninos de todo o Brasil fazem o que podem para se destacar nos campos de terra e várzea, nos times juniores dos clubes ou na rua.

Entretanto, se no mundo do futebol masculino o que conta é o talento dos jogadores, o mesmo não se pode dizer quando esse esporte é transposto para o universo feminino.

Pelo menos na opinião da FPF (Federação Paulista de Futebol), que realizou esta semana a seletiva de "atletas" para o Campeonato Paulista Feminino.

A cor dos cabelos, a simpatia, a altura e a proporção peito e bunda contaram muito mais do que qualquer qualidade técnica. "Acho que a beleza me ajudou sim. Eu mal toquei na bola e fui selecionada", disse Talita Cassiano, 20 anos, ao jornal Folha de S. Paulo.

A lógica da comissão julgadora tem explicação: sensibilizados pelo gosto dos possíveis torcedores, eles acreditam que nenhum marmanjo sairá de sua casa para assistir a "futebol de canelada".

No universo do brasileiro machista é difícil pensar que qualquer mulher possa jogar um futebol razoável.

Daí o fato da FPF e da Pelé Sports & Marketing, organizadoras do campeonato, tentarem atrair o público não pelo talento das meninas, mas por seus atributos físicos.

No final, as excluídas da seletiva ficaram com a impressão de que participavam de um concurso de "miss", algo que não contribui para o desenvolvimento de nenhum esporte. Pelo contrário, tudo fica parecendo patético.

Apesar da crise da seleção brasileira de futebol, quem ainda zela pelo mínimo de dignidade dos esportistas nacionais deveria manter os dirigentes da FPF distantes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Afinal, a idéia pode ser copiada e quem sai perdendo é o torcedor.

 

 
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