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Jovens
selvagens ensinam pela didática do medo
Batoré
tem 17 anos, matou 15 pessoas, das quais três eram policiais,
e realizou 50 seqüestros relâmpago. No domingo,
ele liderou mais uma rebelião da Febem, em São
Paulo, quando 20 adolescentes fugiriam, 33 pessoas ficaram
feridas e um monitor morreu.
Uma das
estrelas em mais um show das rebeliões dominicais,
Batoré é um selvagem que, dificilmente, conseguirá
viver fora das grades: será morto antes que experimente
um eventual milagre da recuperação.
Na sua
barbárie, ele exerce, às avessas, um papel pedagógico:
ensina a todos, pela didática do medo, até onde
vai um ser humano degradado, abandonado, sem saída.
Batoré
e as rebeliões da Febem prestam-se como aviso óbvio
de que o sistema de recuperação de adolescentes
infratores está falido _ o que não é
nenhuma novidade. Esses jovens são selvagens porque
são vítimas, são vítimas porque
são selvagens.
O aviso
é mais profundo. Os "Batorés" são
a conseqüência previsível da crescente marginalização
dos adolescentes, sobrevivendo nas periferias, onde se valorizam
a violência, como mecanismo de auto-afirmação,
e as drogas, como mercado de trabalho.
Não
existe no Brasil uma política voltada à juventude,
em que se promovam programas de inclusão social, combinando
educação, trabalho, assistência médica
e psicológica. O que existe é pouco e disperso.
Se a violência
é um dos maiores temores da sociedade brasileira, programas
para juventude, articulando esforços federais, estaduais
e municipais, em parceria com a comunidade, deveriam estar
no topo da agenda social. Não estão sequer nos
discursos.
E, enquanto
não estiverem, os "Batorés" vão
ensinar todos os dias a falta que esses programas fazem.
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