Nem todos estão preparados, diz especialista
Raquel Souza
Especial para o GD
Segundo a professora
Marisa Eboli, da área de recursos humanos da Faculdade de
Economia e Administração da USP, o trabalho a distância
é uma tendência e já faz parte da realidade
de diversas empresas. "Mas trabalhar em casa tem suas vantagens
e desvantagens para empresa e funcionário", conta.
"Provavelmente,
o trabalhador que foi aculturado no modelo taylorista de produção,
em que há chefes, supervisores e fiscalização,
terá dificuldade para adaptar-se em trabalhar em casa",
diz a professora.
Marisa explica
que o trabalho fora da empresa exige preparação. "É
necessário ter internalizado muito bem o que deve ser feito,
desenvolver autonomia, responsabilidade e comprometimento. Nesse
sentido, quem está habituado a ter um chefe que manda e avalia
suas ações dificilmente conseguirá trabalhar
em casa", alerta. "É também essencial estar
sintonizado com a cultura da empresa".
Mesmo nos sistemas
de trabalho presencial, segundo Marisa, os profissionais ainda encontram
dificuldade de adaptar-se a postura uma autônoma. "Talvez
por isso os jovens saiam na frente", diz.
Para o trabalhador,
a professora acredita que o maior benefício seja a possibilidade
de conciliar o tempo com problemas pessoais e profissionais. "Deixa
de ser necessário locomover-se de um canto a outro da cidade.
Com as dimensões de São Paulo, isso é ótimo",
afirma.
Entretanto,
há um outro lado da moeda: assumir, na maioria das vezes,
os custos das atividades profissionais, como a conta de luz, telefonia,
provedor da Internet, entre outros. O que é problema para
o trabalhador torna-se um benefício para empresa, que se
isenta de manter uma estrutura física e de pessoal, reduzindo
custos.
O maior problema
deste tipo de trabalho, segundo Marisa, é o isolamento. "Você
pode até ficar mais produtivo, mas se não tomar cuidado,
corre o risco de perder o contato com a empresa", alerta.
Por isso, as
corporações que adotaram o 'home-office' têm
optado por um sistema misto de trabalho. "Elas promovem desde
reuniões de equipe até cafés coletivos",
conta a professora. A idéia é manter atividades e
encontros em que possam ocorrer as comunicações informais.
"Esses momentos têm papel fundamental. As trocas de idéias
e de experiências são importantes na aprendizagem do
trabalhador para internalização de valores e expectativas
da empresa", acrescenta.
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