Prática
trabalhista brasileira compromete relacionamento entre empresa e
funcionário
Rodrigo Zavala
Equipe GD
A obsoleta legislação
trabalhista brasileira e a falta de diálogo entre as centrais
sindicais tornam improváveis qualquer modificação
na relação entre empresas e trabalhadores. Some-se
a isso a baixa escolaridade da população, a discriminação
racial e de gênero, uma taxa de desemprego recorde e a retração
da renda da população.
Esses foram
os principais pontos sobre a realidade trabalhista brasileira, levantados
no painel Novos Desafios para o Futuro do Trabalho, realizado hoje
durante a Conferência Nacional 2002 - Empresas e Responsabilidade
Social. No evento, promovido pelo Instituto Ethos, foram levantadas
questões sobre como as relações éticas
com os funcionários podem contribuir para a ação
empresarial.
No entanto,
segundo o economista André Urani, é impensável
qualquer mudança nas políticas das empresas sem primeiro
resolver as deficiências trabalhistas básica no país.
"O setor privado deve contribuir para uma transição
desse sistema para outro mais maduro", acredita.
O caminho apontado
pelo economista é a união do Estado, sociedade civil
e do setor privado na criação de alternativas. A revisão
Consolidação da Leis Trabalhistas, seria uma das ações
prioritárias. Considerada caduca por Urani, a legislação
deve explicitar critérios para as empresas investirem no
funcionário.
"De que
adianta a empresa criar programas de capacitação se
os profissionais podem simplesmente ir embora sem mostrar os resultados
do investimento". A proposta vale para os dois lados. Assegurado
seus direitos, o trabalhador também pode investir na empresa.
"É vestir a camisa e tornar as relações
mais horizontais".
Outro ponto
fundamental é com relação às centrais
sindicais. Até 1992, existiam no Brasil 7 mil entidades.
Em 2000, esse número passou para 20 mil. E, pela legislação,
são todos tutelados pelo Estado. "Que tipo de autonomia
e liberdade sindical podemos supor que elas tenham", questiona.
Resultado: sindicatos fragmentados, sem representatividade e com
interesses duvidosos.
Outro ponto
importante colocado durante as discussões é a escolaridade
do brasileiro. De acordo com o economista 62% dos brasileiros não
tem o Ensino Fundamental completo. "Com 3% do PIB você
resolveria esse problema. É um preço ridículo
comparado com o retorno disso", garante.
Aliado a essa
política educacional, investimentos multisetoriais (segurança,
saúde, juventude, etc) também devem ser definidos.
Tudo isso, atrelado a um crescimento econômico. "Fácil
não é, mas só dessa forma podemos mudar a situação
precária do trabalho no Brasil", crê o economista.
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