Discriminação
persiste nos altos escalões das empresas
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Existe discriminação
racial e de gênero dentro das grandes empresas brasileiras.
A prova do que sempre se tenta mascarar na área de recursos
humanos é uma pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Ethos
de Empresas e Responsabilidade Social e pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Apesar de possuírem a mesma
escolaridade, mulheres e negros não passam de 12% do alto
escalão. Mais: aqueles que chegaram lá, possuem um
salário até 30% menor em comparação
ao dos homens brancos.
Jaime Mezzera,
diretor adjunto da OIT, afirma existir um "teto de vidro"
para as mulheres e para os negros, que os impede de ascender na
carreira. "Eles não são promovidos para a diretoria,
chegam apenas aos cargos de gerência". Já o caso
da mulher negra é diferente. "Para elas há um
portão de ferro trancado frente às empresas",
garante.
O diretor ainda
se arrisca a dizer que, se todos os salários tivessem como
base a remuneração do trabalhador homem e branco,
as desigualdades sociais do país seriam atenuadas. "O
Brasil se tornaria um país europeu", diz.
O atual quadro
de desigualdade profissional não poderá ser mudado,
no entanto, apenas por uma súbita conscientização
das áreas de recursos humanos. "O problema vem de antes",
lembra Anna Peliano, coordenadora de projetos especiais do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão
que ajudou a elaborar a pesquisa.
Segundo ela,
o Brasil precisa de investimentos multi-setoriais, que envolvam
educação, segurança, saúde e políticas
de inserção. "Investir em educação
fundamental ou capacitação profissional, por exemplo,
é um caminho, mas isoladamente não garante uma mudança
efetiva."
A pesquisa tem
por base as respostas de executivos coletadas em 89 empresas, embora
500 delas tenham sido contatadas pelo Ethos. "É um assunto
que as empresas ainda não querem enfrentar", afirma
Oded Grajew, presidente do instituto. Para ele, muitas devem ter
respondido o questionário, mas não quiseram enviar
as conclusões. Talvez tenham ficado com receio de declarar
o que se constatou.
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