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22/10/2001 - 16h09

Escola na Rocinha tira alunos da rotina em um 'dia de loucura'

DÉBORA YURI
da Revista da Folha

"Yo estudio en la escuela. Mi padre se llama José. Mi madre se llama Roberta", diz Jéssica Barbosa da Silva do Nascimento, 10, afiadíssima, minutos depois de sua primeira aula de espanhol. "Gostei muito dessa língua. Vou para casa decorar todas as palavras que aprendi hoje", continua a aluna da 4ª série do Ciep Dr. Bento Rubião, na favela da Rocinha, zona oeste do Rio, a maior da América Latina, com 250 mil habitantes.

A escola municipal, que tem 751 estudantes, só atende moradores da favela e está desenvolvendo uma série de projetos culturais para afastá-los da tríade que assola a infância e a juventude nos morros cariocas: violência, drogas e nada de estudo. "A idéia é levarmos a eles diversão, arte, brincadeira e alegria. E eles estão encantados com essa nova realidade do colégio", diz a diretora, Edir Caseiro Ribeiro, 50.

Criado há sete meses por iniciativa da escola, o projeto consiste em permitir aos alunos "um dia de loucura" por semana. É uma quebra na rotina, quase como uma folga. "Toda quarta-feira, nós trocamos os professores, mudamos as salas, e espalhamos todo o tipo de atividades para as crianças. Parece uma festa", explica Edir. Alguns professores de arte atuam como voluntários e o grupo Afro-Reggae colabora com o som da bateria.

Entre as oficinas que agitam o colégio estão jogos recreativos e de mesa, artes, origami, coral, percussão, narração de histórias, música, sucata, inglês, espanhol, teatro e dança. "Essa é uma das partes mais legais da escola. Estou aprendendo um monte de coisas diferentes: bateria, espanhol, coral", conta Zanata Soares Brito, 11, da 4ª série.

Por enquanto, o Bento Rubião, escola de educação infantil e de ensino fundamental até a 4ª série, só oferece as oficinas dinâmico-culturais para 450 crianças. O objetivo é que todos os alunos possam participar delas já no próximo ano.

Com pai desempregado e mãe que trabalha como caixa de açougue, Jéssica Nascimento afirma que as atividades mudaram seu dia-a-dia e até aumentaram a vontade de ir às aulas. "É mais gostoso poder sair da classe, brincar e aprender coisas novas", diz a garota, que tem como hobbies preferidos passear na praia de São Conrado aos domingos e fazer oficina de teatro. "Quero ser atriz. Mas quero ser também escritora e também advogada, médica, esses negócios", conta.

Outro de seus prazeres, recém-adquirido na escola, é decorar frases e palavras em inglês. "What's your name? My name is Jessy", ela diz, sotaque americano irrepreensível, e depois desafia: "Você entendeu o que eu falei?".

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