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04/04/2007
-
14h08
da Folha Online
Os 15 militares britânicos que passaram 12 dias detidos pelo Irã, libertados hoje, devem deixar o Teerã às 8h desta quinta-feira (1h30 de Brasília), informou a Irna, agência oficial de notícias do Irã.
O líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou a "anistia" de seu país aos britânicos em uma coletiva de imprensa realizada anteriormente nesta quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.
Após anunciar oficialmente a libertação, o presidente iraniano reuniu-se com o grupo no palácio presidencial. Imagens exibidas pela TV estatal iraniana mostraram Ahmadinejad cumprimentando os militares e conversando com o grupo com a ajuda de intérpretes. Na gravação, é possível ouvir um dos 15 militares dizer em inglês ao presidente: "Estamos gratos pelo seu perdão".
Durante a coletiva de imprensa, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.
"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e deu medalhas a três guardas.
Na controvérsia, o Irã acusou o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas. O Reino Unido negou a invasão, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab quando foram capturados.
Ahmadinejad criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?".
Reação britânica
O governo do Reino Unido elogiou a decisão iraniana. "Cumprimentamos o que o Irã disse sobre a libertação dos 15 militares", disse um porta-voz de Downing Street, casa oficial do premiê britânico, Tony Blair.
O presidente dos EUA, George W. Bush elogiou a decisão. "Assim como o premiê [Tony] Blair, o presidente Bush saúda a notícia", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.
Bush afirmou anteriormente que a captura dos 15 marinheiros britânicos pelo Irã era um "comportamento inaceitável", e que se opunha a qualquer concessão em troca da libertação.
Após 12 dias de crise, Irã e Reino Unido já davam sinais de que iriam contornar a questão por meio da diplomacia. Nesta quarta-feira, Naigil Shinvald, conselheiro do premiê britânico, Tony Blair, conversou por telefone com Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, para discutir a questão, segundo a agência oficial Irna.
Depois de cortar relações com o Irã, o Reino Unido só permitia discussões sobre a detenção dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos detidos no país persa.
Em um comunicado divulgado ontem, Blair disse que "ambos os lados compartilham o desejo de uma resolução rápida para a questão através de conversas diretas".
Captura
O impasse começou no último dia 23 de março, quando os 15 militares britânicos foram detidos por Teerã por terem supostamente entrado ilegalmente nas águas iranianas, acusação que o Reino Unido nega.
Os dois países viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.
A tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.
Na segunda-feira (2), a TV estatal de Teerã informou que os militares britânicos admitiram ter invadido águas territoriais do Irã. Segundo a Irna, agência oficial iraniana, o país não exibiria as imagens das confissões devido à "mudança de postura" do Reino Unido.
A Irna não detalhou a que tipo de mudança Teerã se referia. O Reino Unido rejeitou as declarações sobre confissões, dizendo que elas eram "inaceitáveis", e reiterando que os militares faziam uma inspeção em águas iraquianas quando foram detidos.
Síria
Após a libertação, a rede de TV Sky News afirmou que a Síria e o Qatar desempenharam papéis importantes para a resolução da controvérsia. A Embaixada síria em Londres confirmou o envolvimento de Damasco no fim da crise entre Irã e Reino Unido.
Anteriormente, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al Moallem, afirmou a um jornal do Kuait que seu país estaria mediando o impasse entre o Reino Unido e o Irã.
"A solução deve ser diplomática, e a Síria agora negocia esse processo entre os dois países", afirmou Moallem ao jornal "Al Anba", em entrevista em Damasco. "Nós torcemos por uma solução satisfatória, que leve à resolução da crise em torno da prisão dos britânicos".
O ministro não detalhou que tipo de medida seu país irá tomar para tentar dar fim à controvérsia. O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas.
Entre as nações árabes, a Síria é o mais próximo aliado do Irã, que é um país persa. Os dois países estreitaram ainda mais as relações quando passaram a ser acusados pelos Estados Unidos e pela União Européia (UE) de interferirem nos conflitos no Iraque e no Líbano.
A guerra do Líbano, que teve início em julho de 2006, durou 34 dias e deixou 1.200 mortos.
Com agências internacionais
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Os 15 militares britânicos que passaram 12 dias detidos pelo Irã, libertados hoje, devem deixar o Teerã às 8h desta quinta-feira (1h30 de Brasília), informou a Irna, agência oficial de notícias do Irã.
O líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou a "anistia" de seu país aos britânicos em uma coletiva de imprensa realizada anteriormente nesta quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.
Morteza Nikoubazl/Reuters |
Britânicos acenam para repórteres em Teerã; grupo segue amanhã para Reino Unido |
Durante a coletiva de imprensa, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.
"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e deu medalhas a três guardas.
Na controvérsia, o Irã acusou o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas. O Reino Unido negou a invasão, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab quando foram capturados.
Ahmadinejad criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?".
Reação britânica
O governo do Reino Unido elogiou a decisão iraniana. "Cumprimentamos o que o Irã disse sobre a libertação dos 15 militares", disse um porta-voz de Downing Street, casa oficial do premiê britânico, Tony Blair.
Vahid Salemi/AP |
Presidente iraniano, Mahmoud Ahnmadibnejad, condecora membros da Guarda Costeira |
Bush afirmou anteriormente que a captura dos 15 marinheiros britânicos pelo Irã era um "comportamento inaceitável", e que se opunha a qualquer concessão em troca da libertação.
Após 12 dias de crise, Irã e Reino Unido já davam sinais de que iriam contornar a questão por meio da diplomacia. Nesta quarta-feira, Naigil Shinvald, conselheiro do premiê britânico, Tony Blair, conversou por telefone com Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, para discutir a questão, segundo a agência oficial Irna.
Depois de cortar relações com o Irã, o Reino Unido só permitia discussões sobre a detenção dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos detidos no país persa.
Em um comunicado divulgado ontem, Blair disse que "ambos os lados compartilham o desejo de uma resolução rápida para a questão através de conversas diretas".
Captura
O impasse começou no último dia 23 de março, quando os 15 militares britânicos foram detidos por Teerã por terem supostamente entrado ilegalmente nas águas iranianas, acusação que o Reino Unido nega.
Marcelo Katsuki/Fol |
A tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.
Na segunda-feira (2), a TV estatal de Teerã informou que os militares britânicos admitiram ter invadido águas territoriais do Irã. Segundo a Irna, agência oficial iraniana, o país não exibiria as imagens das confissões devido à "mudança de postura" do Reino Unido.
A Irna não detalhou a que tipo de mudança Teerã se referia. O Reino Unido rejeitou as declarações sobre confissões, dizendo que elas eram "inaceitáveis", e reiterando que os militares faziam uma inspeção em águas iraquianas quando foram detidos.
Síria
Após a libertação, a rede de TV Sky News afirmou que a Síria e o Qatar desempenharam papéis importantes para a resolução da controvérsia. A Embaixada síria em Londres confirmou o envolvimento de Damasco no fim da crise entre Irã e Reino Unido.
Anteriormente, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al Moallem, afirmou a um jornal do Kuait que seu país estaria mediando o impasse entre o Reino Unido e o Irã.
"A solução deve ser diplomática, e a Síria agora negocia esse processo entre os dois países", afirmou Moallem ao jornal "Al Anba", em entrevista em Damasco. "Nós torcemos por uma solução satisfatória, que leve à resolução da crise em torno da prisão dos britânicos".
O ministro não detalhou que tipo de medida seu país irá tomar para tentar dar fim à controvérsia. O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas.
Entre as nações árabes, a Síria é o mais próximo aliado do Irã, que é um país persa. Os dois países estreitaram ainda mais as relações quando passaram a ser acusados pelos Estados Unidos e pela União Européia (UE) de interferirem nos conflitos no Iraque e no Líbano.
A guerra do Líbano, que teve início em julho de 2006, durou 34 dias e deixou 1.200 mortos.
Com agências internacionais
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