José Costa Cavalcanti

6.jan.1918 - 10.ago.1991

 

Ministro de Minas e Energia


Militar de longa carreira, Costa Cavalcanti participou ativamente das conspirações contra João Goulart, em 1964. No governo seguinte, fez oposição a Castello Branco e sua política considerada branda pelos mais radicais.

Junto com Mário Andreazza, ministro dos Transportes, e o general Jayme Portella, chefe do gabinete militar, formou o trio principal que articulou a candidatura de Costa e Silva. Com a vitória, foi designado ministro de Minas e Energia.

Cavalcanti dizia preferir atuar nos bastidores. "Não sou homem dado ao vedetismo", declarou quando completou quatro meses no governo Costa e Silva. Desde então, trabalhou na campanha de todos os presidentes militares eleitos. Não perdeu uma aposta.

Foi deputado federal por Pernambuco em 1962, pela UDN (União Democrática Nacional), e reeleito em 1966. Apesar da relação com o Congresso, o coronel era favorável ao uso intenso de medidas de exceção.

No governo Medici, Cavalcanti ocupou o Ministério do Interior. Teve a missão de coordenar a construção da Transamazônica, estrada de 2,3 mil quilômetros, cuja construção começou em 1969.

 

Oficial coroado

 

Cavalcanti ingressou na carreira militar aos 17 anos, em 1935, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Foi oficial tríplice coroado, título dado ao primeiro colocado na Escola Militar, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).

Morou nos Estados Unidos de 1950 a 1951, quando fez o curso avançado no Infantary School, em Fort Benning, Geórgia. Em 1959, foi promovido a tenente-coronel e nomeado secretário de Segurança Pública de Pernambuco pelo ministro da Guerra, general Henrique Lott.

Com a instituição do bipartidarismo, determinada pelo Ato Institucional nº2, em 27 de outubro de 1965, filiou-se à Arena (Aliança Renovadora Nacional).
Em maio de 1974, logo no início do governo Geisel, Cavalcanti foi nomeado presidente da Itaipu Binacional, empresa mista criada para construir e gerir a hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Com a extinção do bipartidarismo, em 1979, filiou-se ao PDS (Partido Democrático Social).

Era casado com Haida Correia Cavalcanti, com quem teve três filhos.

 

Ouça o áudio

 

 

Senhor presidente, senhores conselheiros. Estou de pleno acordo com o Ato Institucional. No que pese a abalizada e douta opinião do senhor vice-presidente da República, eu creio que não há mais solução dentro da Constituição. Então eu creio que apenas medida fora, além, por cima da Constituição será suficiente para resolver a situação criada. Não é uma situação surgida imediatamente nesses últimos dias com o caso Márcio Alves. Isso já vem de longa data. Aliás, o Ato Institucional não se refere nenhuma vez sequer _o Ato Institucional que nos foi dado para analisa_ a esse caso específico, mas sim faz referências a fatos já discutidos muitas vezes, no decorrer do tempo, nos meses passados.

Acho que não se trata de discutir ou pensar de que estaremos em ditadura ou não. Mas sim, que é o fundamental, preservarmos a ordem, a segurança interna e, quem sabe, até a integridade nacional. Acredito que só uma medida dessa natureza possa surtir o efeito desejado e permitir aos homens do governo, responsáveis pelos destinos do Brasil, conduzi-lo ao fim a que todos nós desejamos.

Uma ligeira opinião em relação à opinião do ministro Tarso Dutra. Acredito que o termo adicional seria qualquer coisa que fosse acrescentar à Constituição. Creio que nós estamos querendo fazer de uma maneira ou de outra, mas, em realidade, estamos realmente tirando vários dispositivos da Constituição e acho que a palavra Institucional é mais própria ao caso do que chamar Ato Adicional.


Com este Ato, acredito, e sei que vossa excelência senhor presidente também está bem senhor disso, que as suas responsabilidades, todas as nossas e de seus auxiliares imediatos, cresceram em muito com este ato.

Então, maior responsabilidade para nós. Mas confio que essas responsabilidades nos animarão e nos incentivarão a todos a procuramos, ainda mais melhor executar as nossas tarefas. Em síntese, senhor presidente, repetindo, estou de pleno acordo com o Ato Institucional a ser editado.

 

 

 

Costa Cavalcanti mostrou-se bastante seguro em seu voto a favor do AI-5. Para o ministro das Minas e Energia, o ato era fundamental para preservar a ordem no Brasil. Cavalcanti não atribuiu ao discurso do deputado Márcio Moreira Alves a responsabilidade pela crise da ditadura. O militar, que fez resistência ao governo Castello Branco, disse que a situação criada vinha de longas datas.