Juiz que deu voz de prisão a fiscal será investigado
Alvo é concessão de área quando atuava em Búzios
O juiz do Rio que deu voz de prisão a uma agente da Lei Seca após ela dizer que ele não era Deus será investigado sob suspeita de improbidade administrativa por uma decisão tomada quando atuava em Búzios, um dos principais roteiros turísticos do Estado.
O Ministério Público abriu inquérito civil para apurar a decisão de João Carlos de Souza Correa de conceder a um advogado uma área equivalente a 8% de Búzios, onde ele atuou de 2004 a 2012.
Trata-se do mesmo magistrado que, em 2011, foi parado em uma blitz da Lei Seca e anunciou a prisão da fiscal Luciana Tamburini após ouvir que "juiz não é Deus".
Na época, ele dirigia um carro sem placa e sem habilitação na zona sul do Rio.
A agente entrou na Justiça contra Correa alegando ter sido ofendida --mas acabou sendo condenada neste ano a pagar a ele uma indenização de R$ 5.000 por danos morais por abuso de poder.
Em Búzios, Correa foi responsável por conceder a um advogado a propriedade de uma área de 5,6 milhões de metros quadrados --incluindo ruas e uma série de imóveis particulares, além do único hospital público da cidade.
A cessão da área foi anulada há duas semanas pelo juiz Marcelo Villas. Em sua decisão, ele considerou ter havido a "maior fraude imobiliária de Búzios". A informação foi divulgada na manhã de quarta (26) pela "Globonews".
Segundo Villas há incompatibilidade entre a área relacionada nos termos de posse e a região efetivamente adquirida pelos supostos réus.
Em seu parecer, a Promotoria chegou a mencionar que a ação não tratava "da floresta Amazônica e sim de um bairro de Búzios" onde um advogado e sua mulher adquiriram uma propriedade com "medidas imprecisas".
Para a Promotoria, a decisão judicial possibilitou determinar aleatoriamente a área cedida ao advogado.
OUTRO LADO
A assessoria do Tribunal de Justiça do Rio informou que Correa não iria se pronunciar. Ele atua no Fórum de Campo Grande, na zona oeste do Rio.