Análise
Com dois pesos e duas medidas, traficante brasileiro morre, terrorista indonésio vive
Salvo um milagre, neste domingo (18) na Indonésia, meio da tarde deste sábado aqui no Brasil, o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, será executado por um pelotão de fuzilamento.
O outro brasileiro que está no corredor da morte por tráfico, Rodrigo Gularte, pode ser executado em fevereiro.
Outros condenados à morte por tráfico na Indonésia tiveram melhor sorte.
Em 2012, o ex-presidente Susilo Yujhoyono comutou a pena de Deni Setia Maharwa, indonésio condenado à morte por tentar levar 3,5 quilos de heroína e 3 quilos de cocaína para Londres em 2000. Ele cumpre prisão perpétua.
E mesmo terroristas confessos tiveram pena mais branda. Umar Patek, extremista islâmico que admitiu ter fabricado as bombas usadas nos atentados de Bali, que mataram 202 pessoas em 2002, escapou do corredor da morte. Foi condenado em 2012 a 20 anos de prisão.
Mas o atual presidente, Joko Widodo, já avisou que vai rejeitar os pedidos de clemência dos 64 condenados à morte por tráfico de drogas.
"A lei internacional de direitos humanos limita o uso da pena de morte aos 'crimes mais sérios', que resultam em morte ou dano físico grave, e o Comitê de Direitos Humanos da ONU condena a pena de morte para tráfico de drogas", disse em comunicado Phelim Kine, vice-diretor da Human Rights Watch.
A entidade aponta para "os dois pesos, duas medidas" na Indonésia. O governo indonésio faz de tudo para evitar que a Arábia Saudita execute Satinah Ahmad, trabalhadora doméstica indonésia que está no corredor da morte naquele país por morte e roubo de seu empregador.
A Indonésia fez um apelo formal ao líder daquele país. Sua família pagou à família da vítima uma "dívida de sangue" correspondente a US$ 1,9 milhão. Como resultado, Ahmad pode ser poupada da execução.
Mas Marco vai morrer.