Casos em São Luís e Guarujá ainda aguardam desfecho
Fabiane Maria de Jesus, 33, foi espancada em maio de 2014 após ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças em Guarujá, no litoral de São Paulo. Morreu dois dias depois, no hospital.
Dezenas de pessoas assistiram ao ataque à mãe de duas meninas num sábado à tarde em Morrinhos, bairro na periferia da cidade.
Cinco pessoas foram identificadas pela polícia como as agressoras, "apesar de o número de envolvidos ter sido muito maior", diz Airton Sinto, advogado da família da vítima. Os suspeitos estão presos aguardando o julgamento –irão todos a júri popular, de acordo com Sinto.
A existência da sequestradora de bebês nunca foi confirmada. Um boato, propagado por páginas em redes sociais, dizia que uma mulher roubava crianças para usá-las em rituais de magia negra. A mesma história já havia circulado em diversas cidades.
Na internet, pessoas compartilhavam fotos de mulheres que se assemelhavam a um suposto retrato falado da "bruxa". Fabiane foi uma das mulheres que tiveram a imagem divulgada.
Após o caso ganhar destaque na mídia, o deputado federal Ricardo Izar (PSD-SP) apresentou um projeto de lei que visa caracterizar como crime todo tipo de incitação virtual à violência contra pessoas. Se for aprovado, o projeto será chamado de Lei Fabiane de Jesus.
"Falo constantemente com os familiares da Fabiane. Retomaram o ritmo normal da vida, mas com a marca eterna da tragédia. Estão unidos e tentando superar", diz Sinto.
MARANHÃO
Em julho deste ano, em São Luís (MA), Cleidenilson Pereira da Silva foi morto por uma multidão após tentar assaltar um bar. Foi amarrado a um poste, despido e levou chutes, socos e garrafadas.
A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão afirma que a Polícia Civil pediu o indiciamento de oito pessoas, mas a Justiça ainda não se pronunciou. Todos os suspeitos tiveram a prisão preventiva decretada.
Um adolescente de 16 anos que acompanhava Cleidenilson também foi amarrado e agredido, mas acabou salvo pela polícia. Ele agora cumpre medida socioeducativa pela tentativa de assalto ao bar, segundo a secretaria.