Atrizes de 'Turnê' apresentam em SP espetáculo burlesco
Americanas Dirty Martini e Julie Atlas Muz se unem à brasileira Giorgia Conceição em 'Carne de Segunda'
Estilo, diz criadora, tem semelhança com ícones nacionais, como teatro de revista, vedetes e 'até Elke Maravilha'
A brasileira Giorgia Conceição, que estuda o burlesco desde 2007, diz que o gênero –estilo de cabaré com performances satíricas e sensuais–, apesar de não ser muito popular no Brasil, guarda semelhanças com ícones bastante nacionais.
"Tem tudo a ver com a história do teatro de revista, com as nossas vedetes e até com [a atriz] Elke Maravilha", diz.
Há dois anos, quando conheceu a americana Julie Atras Muz, uma das expoentes do estilo nos Estados Unidos, comentou sobre a falta de apelo do burlesco por aqui e ouviu da colega: "Então você tem que começar!".
Dali nasceu "Carne de Segunda: Burlesque Meat Show", que terá três sessões em São Paulo, a partir desta sexta (21), depois de uma prévia no Rio na última terça (18).
Junta-se à dupla de artistas a americana Dirty Martini, que integrou com Julie o elenco do filme "Turnê" (2010), do francês Mathieu Amalric, retrato do universo burlesco.
O nome da montagem, explica Giorgia, reflete "como a gente é vista pelos outros: a mulher como carne. Mas, ao mesmo tempo, a gente tira sarro dessa condição, porque é uma carne 'de segunda'".
O espetáculo é formado por esquetes solo ou em trio. Estão lá números conhecidos das artistas, como aquele em que Julie entra em uma bexiga de ar gigante (também retratado em "Turnê").
Além do trio, um DJ (Sandro Machintal) fica a cargo da trilha sonora, e a drag queen Aretha Sadick faz as vezes de mestre de cerimônias e contrarregra. "No burlesco, a contrarregra, chamada de 'stage kitten' [algo como gatinha do palco], é também uma performer, costura as cenas", explica Giorgia.
"A gente usa muitos objetos, muitos detalhes, é uma correria no backstage. A coreografia no palco é a parte mais fácil", brinca.
AUTOAFIRMAÇÃO
As três artistas são adeptas do neoburlesco: vão além das influências de pin-ups dos anos 1950 e trazem referências mais contemporâneas, como o visual de drag queens.
Também têm um discurso feminista e que questiona padrões de beleza mais magros –muitas delas podem ser consideradas "mais cheinhas". "Burlesco é também burlar alguma coisa, burlar um padrão", diz a brasileira. "É ter prazer com o próprio corpo, do jeito que você é. É uma autoafirmação."
Os bastidores da criação do espetáculo estão sendo registrados em vídeo e darão origem a um filme no próximo ano, dirigido por Mariana Bley.
CARNE DE SEGUNDA: BURLESQUE MEAT SHOW
QUANDO sex. (21) e sáb. (22), às 20h, dom. (23), às 19h
ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776/1777
QUANTO grátis (ingressos começam a ser distribuídos uma hora antes de cada sessão)
CLASSIFICAÇÃO 18 anos