Salão de SP 'disfarça' crise de montadoras
Em contraste com vendas fracas do setor, público interessado em comprar carros lota evento no seu primeiro dia
Novo sistema de refrigeração não tem sido suficiente para amenizar o calor no pavilhão do Anhembi
Termômetros ao redor do Pavilhão de Exposições do Anhembi marcavam 35?C quando os portões do Salão do Automóvel de São Paulo foram abertos, às 14h desta quinta-feira (30).
O calor não intimidou os primeiros visitantes, que lotaram o evento no primeiro dia dedicado ao público.
O movimento contrasta com o azedume das principais montadoras, que esperam um 2015 sem crescimento em vendas. Há consumidores que mostram ânimo diante das novidades.
"Vim para ver os próximos lançamentos, em especial o Honda HR-V. Tenho interesse em comprar um no ano que vem", disse o professor Mário Latorre, 45, que foi um dos primeiros a chegar ao Anhembi.
As fabricantes esperam que haja mais personagens como Latorre pelos corredores do salão, mas aguardam também por mudanças que estimulem a indústria automotiva nacional.
"Ter um período de estabilidade nas regras do setor, com uma direção bem definida, é muito importante para estimular o crescimento. Enfrentamos os altos custos de produção, precisamos ser mais competitivos", afirmou Antonio Maciel Neto, presidente do grupo Hyundai Caoa, que tem fábrica em Anápolis (GO).
COMPATÍVEIS
A temperatura também estava elevada dentro do pavilhão, pois o sistema de ar refrigerado não está sendo suficiente. Pior para as autoridades que passearam de terno e gravata pelos estandes pouco antes da cerimônia de abertura, inclusive o prefeito Fernando Haddad (PT).
"Não há nenhuma incompatibilidade em ampliar a produção de autos e privilegiar o transporte público", disse o prefeito no seu discurso, em que enfatizou a importância do uso racional do carro.
Segundo Haddad, o evento gera R$ 450 milhões para a cidade de São Paulo.
Até as 17h de quinta-feira (30), haviam sido vendidos 100 mil ingressos via internet. A organização espera que 750 mil pessoas passem pelo salão até o dia 9. Já há até cambistas, que, por enquanto, abordam o público em busca de ingressos que estejam sobrando.