Indústria pornográfica aposta em novas táticas
Com mercado saturado, financiamento coletivo é alternativa a empréstimos de bancos
Jason Maskell sai de uma reunião na Câmara dos Lordes, em Londres, e vai tomar um chá. Ele gosta da imagem de respeitabilidade. É um veterano do setor de entretenimento adulto e tenta lançar o adultXfund (AXF), plataforma de "crowdfunding" (financiamento coletivo) para o setor, negociando com a Autoridade de Conduta Financeira britânica.
O antigo maquiador começou no ramo após ser contratado para um trabalho em um estúdio que produzia filmes pornográficos.
Sua visita à Câmara ocorreu como integrante da Aliança para a Política Digital, uma organização multipartidária que representa o setor de internet e tecnologia, para discutir propostas de verificação de idade para setores como os jogos de azar, álcool e entretenimento adulto.
Na segunda tentativa de "crowdfunding", Maskell espera conseguir uma fonte de financiamento alternativa aos bancos, a fim de bancar diversos serviços e produtos do ramo erótico. Em 2014, o banco em que a companhia dele tinha conta decidiu fechá-la. O motivo alegado: "padrões morais", diz ele.
Sobre os números do setor, só estimativas. Pesquisa Xbix.net, organização que acompanha o mercado, estima faturamento anual de US$ 5 bilhões em todo o mundo.
Mesmo assim, pirataria e oferta grátis on-line atingem a venda e a locação de DVDs, fazendo com que o mercado tente se inovar.
Mídia social, tecnologia móvel e expansão a áreas como webcams ao vivo e serviços on-line de encontros (ou, mais precisamente, transas) são a chave para sustentar a receita.
"O mercado está saturado. Agora é preciso buscar seis ou sete fontes de receita", diz Maskell.
"Não é mais como era, mas continua a haver muita gente ganhando rios de dinheiro", afirma Mark Spiegler, agente de talentos de estrelas pornô em Los Angeles. "Produzir pornografia não é dispendioso", acrescenta. "Se você não consegue ganhar dinheiro com isso, é porque não é muito bom na coisa", diz o ex-operador financeiro, que criou sua agência em 1999.
O dinheiro, indica Maskell, está atrás das câmeras. "Você ganha mais dinheiro se controlar o conteúdo do que se atuar. Mas os atores inteligentes podem se diversificar e construir marcas.
A mídia social é essencial. O Twitter, apontam empreendedores, é mais liberal que Facebook ou Instagram quanto à exibição de conteúdo razoavelmente explícito.
É uma porta para o conteúdo pago, além de ajudar a atrair consumidores mais jovens. Os astros mais conhecidos têm forte presença na mídia social e, como atores de Hollywood, enxergam o canal como forma de se aproximar de sua audiência.