Cuba e EUA ainda esbarram em diferenças
Após dois dias de negociações, divergências políticas seguem sendo obstáculo
Após dois dias de negociações em Havana, a chefe da delegação americana, Roberta Jacobson, disse nesta sexta (23) que ainda há discordâncias profundas entre os governos dos EUA e de Cuba.
"Não há dúvida de que os direitos humanos continuam sendo o ponto central de nossa política", afirmou Jacobson, que é vice-secretária de Estado americana para o Hemisfério Ocidental.
"Isso é obviamente parte do das discordâncias profundas com o governo cubano".
Segundo ela, é essencial que os Estados Unidos continuem a tratar do tema publicamente e também nas negociações diretas com o governo de Cuba.
"Eu acredito que cada delegação entende a importância da tarefa que estamos enfrentando", disse. Para Jacobson, há muitas questões de interesse mútuo em que será possível fazer progressos.
"Nós precisamos tomar decisões de nosso interesse e que vão empoderar o povo de cuba. Mas o veredicto sobre se isso será bem-sucedido ainda terá de ser dado."
Na quinta, a representante da diplomacia cubana nas negociações, Josefina Vidal, afirmou que, "apesar das diferenças profundas, é possível que as duas nações conduzam as conversas de forma civilizada."
As duas diplomatas são nomes de peso na política externa de seus países. Vidal é diretora da Chancelaria de Cuba para a América do Norte e tem amplo conhecimento da política norte-americana.
Jacobson, por sua vez, é uma das maiores especialistas na ilha caribenha do Departamento de Estado dos EUA e defendia há anos uma revisão da política.
DISSIDENTES
Nesta sexta, Jacobson ainda reuniu-se com dissidentes do regime cubano em Havana, entre eles críticos e apoiadores da aproximação entre os países.
A líder do grupo opositor Damas de Branco, Berta Soler, que é contra as negociações, não compareceu. "Não houve equilíbrio entre os participantes quanto à diversidade de opiniões", disse a dissidente.