Opositor Daniel Ceballos ganha direito a ficar em prisão domiciliar
Medida se ampara na deterioração do estado de saúde do político
Detido há mais de um ano sob acusação de instigar violentos protestos antigoverno, o opositor venezuelano Daniel Ceballos ganhou nesta terça (11) o direito a prisão domiciliar devido à deterioração de seu estado de saúde.
A notícia foi anunciada por seu advogado, Juan Carlos Gutiérrez, após uma audiência do processo, que caminha lentamente.
Gutiérrez disse que buscará obter liberdade plena. "Não existe nenhuma conduta passível de prisão", disse o advogado.
Segundo aliados, Ceballos tem sequelas físicas e psicológicas da greve de fome de 20 dias à qual se submeteu de maio a junho para protestar contra sua transferência do presídio militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, para um centro de detenção comum no interior do país, onde vigoram condições precárias de segurança e salubridade.
Em apoio a Ceballos, dezenas de opositores também deixaram de se alimentar, entre eles o líder de seu partido, Vontade Popular, Leopoldo López, também preso por instigar protestos.
Após a greve de fome, Ceballos foi transferido ao centro de detenção do serviço secreto em Caracas.
Mas sua família e aliados dizem que ele está fisicamente fragilizado e sofre de depressão profunda, enquanto segue o julgamento.
Ceballos foi detido em março de 2014, no auge dos protestos antigoverno que estremeceram a Venezuela.
Acusado pelo governo de ser "terrorista", foi destituído do cargo de prefeito de San Cristóbal (extremo oeste do país), que ocupava então.
Após sua prisão, novas eleições foram convocadas, e quem venceu essa disputa foi sua mulher, Patricia de Ceballos, hoje uma figura emblemática da oposição.
Ao receber permissão para prisão domiciliar, Ceballos segue os passos de prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, 60, transferido para casa em abril, após passar dois meses em Ramo Verde sob acusação de envolvimento num suposto golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro.