Luciano Martins, um estudioso do empresariado, morre aos 80 no Rio
Na gestão FHC, ele foi assessor do Planalto e embaixador em Cuba
O sociólogo Luciano Martins, 80, morreu na noite desta terça-feira (21) no Rio. Martins foi assessor da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de quem era grande amigo.
Formado em ciências sociais no Rio em 1966, Martins foi a Paris para fazer seu doutorado sobre os empresários. Lá conviveu com exilados como FHC e Celso Furtado.
Em 1968 publicou "Industrialização, burguesia nacional e desenvolvimento". Concluiu o doutorado na Universidade de Paris e publicou, em francês, "Poder e Desenvolvimento Econômico".
Ao voltar, lecionou na Unicamp, onde foi titular de ciência política (também foi professor da Universidade de Columbia e da Uerj). Em 1994, articulou um manifesto de intelectuais em apoio a FHC e fez seu programa de governo.
Na gestão tucana, coordenou o Grupo de Análise e Pesquisa e, de 1999 a 2003, foi embaixador em Cuba.
Sua obra mais famosa é "Estado Capitalista e Burocracia no Brasil Pós-64" (1985), na qual mostra como a burocracia mobilizou um enorme volume de poupança forçada (FGTS, PIS/Pasep) para estimular o setor privado via BNDES e sugere que o executivo das estatais é "um tipo sociologicamente novo", situado entre o administrador público e o empresário.
Sofria de enfisema pulmonar e artrite temporal. Estava internado desde sábado (18) com pneumonia. Deixa três filhos: Livia, 54, bióloga; Isabel, 52, fotógrafa; e Quito, 50, músico, além de três netos.