Aécio divulga vídeo e se coloca como líder da oposição
Recolhido, tucano usa internet para dizer que 'fiscalizará' o PT e que sua 'força' nas urnas 'levará o Brasil à mudança'
Pronunciamento mais incisivo desde a derrota só foi gravado depois de Marina Silva fazer filme com cobranças a Dilma
Após a derrota, Aécio Neves (PSDB) precisou de dois dias de descanso --e de uma movimentação de Marina Silva (PSB)-- para se colocar de forma mais contundente como o líder da oposição à presidente Dilma Rousseff (PT).
O tucano divulgou no fim da noite de terça-feira (28) um vídeo no Facebook no qual diz que vai "fiscalizar" o governo eleito e que a "força" que adquiriu na disputa é "que vai levar o Brasil à verdadeira mudança".
Foi a fala mais incisiva que ele fez sobre o papel que deseja desempenhar nos próximos anos. No domingo (26), sob o impacto da derrota nas urnas, optou por um discurso curto e conciliador.
O filme só foi ao ar depois que Marina, terceira colocada na corrida presidencial, divulgou sua primeira análise sobre o resultado da votação e cobrou ações de Dilma.
"Disputamos uma eleição desigual, com o outro lado usando como nunca a máquina pública, a infâmia e a mentira contra nós. Mas aconteceu uma coisa extraordinária (...), as pessoas indo para as ruas, tentando ser protagonistas do seu próprio destino", iniciou Aécio.
"Fiquem tranquilos. Estarei atento para que cada compromisso da campanha seja cumprido. Ou será cobrado."
O tucano lembrou os 51 milhões de votos recebidos e emendou: "A força que adquirimos é a que vai levar o Brasil à verdadeira mudança."
Ele citou o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) --que morreu em um acidente aéreo durante o primeiro turno, abrindo espaço para Marina Silva na corrida-- e o avô, Tancredo Neves.
Uniu frases dos dois para fechar seu discurso: "Não vamos desistir do Brasil e não vamos nos dispersar".
O vídeo de Aécio foi ao ar cerca de três horas depois de Marina lançar a sua peça na internet. Enquanto o mineiro gravou com um celular em local improvisado --ele está em seu sítio em Cláudio (MG)--, a pessebista fez sua primeira aparição após o resultado da eleição com um filme bem produzido.
Na peça, antecipada nesta terça pela Folha, a ex-senadora diz que o Brasil "está dividido" e que a presidente Dilma "precisa dar sinais de mudanças na economia para superar uma crise que ameaça se agravar".
"O governo que se reelege não conta com prazos longos. Desde já, precisa dar sinais de mudanças na economia (...) e também na condução da política que, com ou sem reforma, precisa abandonar a prática de distribuir pedaços do Estado e privatizá-lo em nome de uma suposta governabilidade", diz ela.
Assim como Aécio, Marina afirma no vídeo que o processo eleitoral foi marcado pelo discurso da "desconstrução" e "intolerância". Ambos foram alvo de ataques do PT. A tática tirou a ex-senadora do segundo turno e, no fim da eleição, sepultou o projeto de Aécio contra a petista.
Marina cumprimentou a presidente pela reeleição e desejou que seu governo "atenda às necessidades da sociedade brasileira".
O tucano, no domingo, já havia cumprimentado Dilma. A petista, por sua vez, foi a primeira presidente eleita desde a redemocratização que não citou os adversários em seu discurso de vitória.