Ministro do TCU é citado em apuração sobre fraudes
PF investiga compra de sentenças em órgão vinculado à Fazenda
Augusto Nardes, relator de processo sobre as contas da presidente Dilma Rousseff, nega irregularidades
O nome do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes aparece em uma investigação da Polícia Federal sobre compra de sentenças do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
Como integrante do TCU, Nardes só pode ser alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal).
O ministro é o relator do processo das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff –ação que inclui as chamadas pedaladas fiscais e outras irregularidades apontadas pelo tribunal.
O TCU deve votar o balanço de Dilma em outubro, mas a palavra final sobre a aprovação cabe ao Congresso.
O nome do ministro surgiu durante os trabalhos da Operação Zelotes, que apura um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
A PF não informou, porém, quais os detalhes que ligam Nardes ao esquema.
Em troca do suborno, os membros do colegiado do Carf votavam em favor da redução ou até do perdão das dívidas das empresas que os corrompiam.
Em alguns casos, escritórios de advocacia ou de contabilidade atuavam na cooptação de clientes para o esquema. Na prática, esses escritórios faziam a negociação entre integrantes do Carf e representantes de empresas com processos pendentes no Conselho.
A informação foi publicada pela site da revista "Carta Capital" e confirmada pela Folha nesta quarta (9).
OUTRO LADO
Nardes disse à Folha que não tem qualquer relação com as irregularidades encontradas no Carf e que nunca atuou em favor dos interesses de escritórios e empresas investigadas.
O ministro afirmou ainda que foi sócio de um escritório de contabilidade, mas que se desvinculou da função há mais de dez anos, em junho de 2005.
"Esse escritório ficou no nome do meu sobrinho. Não foi alvo de busca nenhuma e, pelo que ele me disse, não tem nada de irregular", afirmou o ministro.
Nardes disse, porém, que não tem como se responsabilizar por nada relacionado à empresa no período em que ele não era mais sócio.
"Não tenho nenhuma informação de que serei investigado, estou totalmente tranquilo", disse Nardes.