Maior obra de Niemeyer no exterior corre risco de abandono

Dias antes de morrer, o nome de Niemeyer voltou a aparecer na imprensa espanhola.

O Centro Cultural Niemeyer, a maior obra do arquiteto fora do Brasil, virou alvo de denúncia de desvio de verbas que provocou uma mudança na curadoria e deixou a obra, em Avilés, no norte da Espanha, sob risco de abandono.

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A denúncia foi apresentada pelo partido do atual governo local, o Foro Asturias, à Justiça na semana passada contra a fundação que geria o complexo cultural. O partido a acusa de má gestão do dinheiro público. Desde o ano passado, a prefeitura da cidade revogou o contrato com a gestora e decidiu tocar a administração sozinha.

	Alberto Morante/EFE
	Vista do Centro Cultural Niemeyer, em Avilés, na Espanha

Quando abriu as portas, há dois anos, o centro Niemeyer tinha uma programação ambiciosa e voltada para o cenário internacional: houve show de jazz com o cineasta Woody Allen, e apresentação dos brasileiros Gilberto Gil e Mart'nália.

No restaurante, o menu era comandando por chefs famosos. O brasileiro Alex Atala, eleito o quarto melhor chef do mundo pela revista britânica "Restaurant", assumiria a carta um mês depois da revogação do contrato.

"Se as denúncias são verdade não sei, mas é uma pena, porque o centro ficou muito subutilizado", disse o artista plástico Javier González, morador de Avilés.

Segundo a denúncia, só no primeiro ano de funcionamento, o Centro Niemeyer registrou prejuízo de € 725 mil (cerca de R$ 1,9 milhão).

Representantes da fundação que conversaram com a reportagem disseram não querer comentar o caso, mas suspeitam de perseguição política. O governo local nega e diz que assumiu a gestão para salvar o espaço.

A construção do complexo custou R$ 100 milhões e levou três anos para ficar pronto.

Hoje, uma associação de apoio ao Centro Niemeyer fará uma homenagem ao arquiteto na praça central do complexo, onde será cantada uma música composta por seus membros sobre o brasileiro.