Venezuelanos voltaram a protestar contra Maduro nas ruas de Caracas

Crédito: Ariana Cubillos/Associated Press A woman holds up a banner with the image of Venezuelan opposition leader Henrique Capriles as people gather for a demonstration against President Nicolas Maduro in Caracas, Venezuela, Saturday, April 8, 2017. Capriles was banned from running for office for 15 years. Opponents of President Nicolas Maduro are preparing to flood the streets of Caracas on Saturday as part of a week-long protest movement that shows little sign of losing steam. (AP Photo/Ariana Cubillos) ORG XMIT: XAC101
Mulher segura cartaz com a imagem de Henrique Capriles durante manifestação em Caracas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DE SÃO PAULO

Milhares de opositores venezuelanos protestaram neste sábado (8), em Caracas, contra o governo de Nicolás Maduro –sua quarta manifestação em uma semana marcada pela rejeição a uma decisão que bloqueia a candidatura presidencial de Henrique Capriles.

Carregando fotos do líder e figura emblemática da oposição, os manifestantes exibiam cartazes de "Não à ditadura!" e "Capriles para presidente". Eles acusaram mais uma vez Maduro de liderar uma "ditadura" que afundou a Venezuela na "miséria".

"Isso que acabam de fazer com Capriles é produto de uma tirania. Essas pessoas fazem o que querem", disse à AFP Adel Rincones, um ex-atleta de 61 anos.

Vestido com o uniforme da seleção olímpica da Venezuela, Rincones chegou a Chacao (pequeno município do distrito de Caracas) com um cartaz onde se lia: "A Venezuela está ferida no coração, com fome, miséria, corrupção, ditadura".

Para a advogada Gikeissy Diaz, 27, "o governo tem medo. Se não tivesse medo, não fecharia as ruas". "Não desqualificaria Capriles", acrescentou Diaz que ainda comentou que metade de sua turma de graduação deixou o país e que ela também está pensando em fazê-lo.

Capriles foi notificado na sexta-feira (7) pela Controladoria sobre uma inabilitação para exercer cargos públicos por 15 anos, o que acaba com suas possibilidades de se candidatar pela terceira vez à presidência nas eleições de dezembro de 2018.

A oposição acusa este organismo de servir ao governo.

Além de reprimir as manifestações, o governo de Maduro tem realizado detenções. Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal Venezuelano, informou que dos 105 detidos entre os dias 4 e 7, 67 permanecem presos.

"QUEREMOS MARCHAR"

O líder opositor, um advogado de 44 anos, anunciou que recorrerá da sanção, imposta por supostas irregularidades administrativas como governador do Estado de Miranda, cargo que ocupa desde 2008.

A concentração reúne cerca de 3.000 pessoas, incluindo os principais dirigentes da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), que pronuncia discursos inflamados a partir de uma plataforma acompanhados pelo coro: "Liberdade, liberdade!" e "o povo irritado exige seus direitos!".

Convocados por Capriles, muitos se preparavam para marchar rumo à Defensoria do Povo, no centro de Caracas. O líder opositor já havia rejeitado na sexta-feira a sentença contra ele, classificando-a como uma expressão de "medo" de Maduro diante das eleições presidenciais.

"Só vamos conseguir [a saída do governo] se mantivermos a resistência", declarou Feddy Guevara, vice-presidente da Assembleia Legislativa, de maioria opositora.

Esta é a quarta manifestação opositora desde o último sábado (2), quando centenas de pessoas saíram às ruas para rejeitar duas decisões com as quais o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) assumia temporariamente os poderes do Parlamento –de maioria opositora– e retirava a imunidade dos deputados.

As sentenças foram anuladas parcialmente após uma forte rejeição internacional e denúncias da procuradora-geral Luisa Ortega, chavista confessa, de que constituíam uma "violação da ordem constitucional", o que abriu uma fissura no governismo.

"Queremos protestar", gritavam alguns antes de se dirigir ao centro.

Maduro denuncia as manifestações como um plano para "encher as ruas de sangue" e tentar derrubá-lo.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.