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Torturador do Khmer Vermelho vai apelar da sentença
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DA FRANCE PRESSE, EM PHNOM PENH
O ex-chefe da prisão S-21, onde cerca de 16 mil pessoas foram torturadas e mortas durante o regime do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, vai apelar da sentença de 30 anos de prisão por crimes contra a humanidade. A pena foi decretada nesta segunda-feira pelo tribunal internacional, a primeira contra os líderes do regime de terror no Camboja.
Torturador do Khmer Vermelho recebe sentença após 30 anos; saiba mais
O tribunal, com sede em Phnom Penh, anunciou inicialmente que Eav, conhecido como Duch, seria condenado a 35 anos de prisão, antes de reduzir a pena para 30 anos. De qualquer forma, a sentença é inferior aos 40 anos de prisão pedidos pelo promotor.
Reuters | ||
Chefe torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi condenado a 35 anos de prisão |
Caso a sentença seja mantida, Eav, 67, deve passar 19 anos preso, já que a pena foi reduzida por tempo já cumprido e outros fatores.
O tribunal rebaixou a pena em cinco anos por considerar que o ex-chefe da prisão de Tuol Sleng ou o S-21, preso em 1999 e acusado formalmente em julho de 2007, esteve preso de forma ilegal e cooperou com a Justiça.
Vítimas e familiares choraram ao ouvir que Eav teria sua pena real reduzida, o que significa que ele pode chegar a sair da prisão como um homem livre.
Mais de três décadas depois do regime comunista do Khmer Vermelho (1975-1979) matar um quarto da população cambojana, cerca de 1,7 milhão de pessoas, Duch é o único a ter sido condenado.
O líder máximo do grupo, Pol Pot, morreu na selva cambojana em 1998. Esperam para serem julgados Khieu Samphan, ex-presidente da República Democrática de Kampuchea; Nuon Chea, 'irmão número dois' e ideólogo da organização; Ieng Sary, ex-ministro de Exteriores; e sua mulher, Ieng Thirit, ex-titular de Assuntos Sociais.
O tribunal encarregado de investigar e julgar as atrocidades do Khmer Vermelho se pronunciou três anos depois do início do caso e mais de três décadas desde que o brutal regime foi derrubado pelas tropas vietnamitas que invadiram o Camboja.
O ex-diretor da prisão de Tuol Sleng foi julgado ao longo de 77 vistas e acusado de crimes de guerra e contra a Humanidade, além de casos de assassinato e tortura cometidos enquanto esteve no comando desta.
Entre 14 mil e 16 mil pessoas, 2 mil delas crianças, foram interrogadas e torturadas em Tuol Sleng antes de serem assassinadas nos campos de extermínio de Choeung Ek, a 15 quilômetros de Phnom Penh, a capital.
O Camboja é um país no qual a superstição é muito disseminada. A queda do teto da prisão de Tuol Sleng, hoje o Museu do Genocídio, foi interpretada por muitos como um sinal de que os "espíritos das vítimas estavam reivindicando justiça".
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