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07/08/2010 - 10h50

Senadores dos EUA pedem explicações a Londres sobre libertação de terrorista líbio

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DA EFE, EM WASHINGTON

Quatro senadores dos estados Unidos enviaram uma carta ao governo britânico pedindo mais detalhes sobre a libertação do terrorista líbio Abdel Basset Al Megrahi, condenado à prisão perpétua pelo atentado contra um avião sobre a cidade escocesa de Lockerbie em 1988. O ataque matou 270 pessoas, a maioria americanos.

Os senadores democratas apresentaram a carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, como parte de uma investigação do Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos EUA sobre suposto lobby da companhia petrolífera BP para a libertação do líbio, para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.

Os signatários da carta, os senadores democratas Kirsten Gillibrand, Bob Menendez, Frank Lautenberg e Charles Schumer, pediram mais detalhes sobre as decisões e os fatos que cercam a liberação do réu, lançamento do réu em agosto passado, pelo governo escocês, por motivos humanitários.

"Como já dissemos antes, a nossa preocupação não é apenas nossa compaixão para com as vítimas do EUA e de outras nações, e seus entes queridos, mas também porque há o risco de acontecer em casos futuros", disseram os senadores.

"Então, aqui estão os fatos que fazem uma forte impressão de que os interesses comerciais prevaleceram sobre a justiça. Nos interessa, pelo bem de todos, proporcionar uma maior transparência nestes assuntos", continua a carta.

Os senadores dizem ainda que ficaram "decepcionados" pelo fato do governo britânico se recusar a comparecer perante à comissão para prestar depoimento.

COINCIDÊNCIA

Em maio de 2007, o então premiê britânico Tony Blair elogiou o acordo de exploração de petróleo entre a BP e a Libya Investment Corp. como um marco da relação entre os dois países e chegou a abraçar o ditador líbio, Muammar Gaddafi, após duas horas de reunião em uma tenda.

No mesmo mês, Reino Unido e Líbia assinaram um memorando de entendimento para negociar acordos de extradição, assistência legal mútua, aproximação civil e comercial e transferência de presos. Pouco mais de um ano depois, em 17 de novembro de 2008, os dois países assinaram o acordo para a transferência de presos --ratificada pelo Parlamento no ano passado.

A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto passado pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.

Pouco após sua libertação, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.

Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.

 

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