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24/08/2010 - 08h35

Sob pressão da China, Filipinas se justifica após sequestro que deixou oito mortos

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DE SÃO PAULO

O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, defendeu nesta terça-feira a criticada ação da polícia na operação de resgate que acabou com a morte de oito turistas de Hong Kong (China) em um ônibus sequestrado por um ex-agente. O sequestrador, Rolando Mendoza, 55, foi morto a tiros após passar quase 12 horas com os reféns em Manila, exigindo ser reintegrado à polícia.

Veja galeria de imagens do sequestro do ônibus
Veja vídeo do sequestro do ônibus

O governo da China pediu nesta terça-feira às Filipinas que garantam a segurança dos cidadãos chineses e suas propriedades nesse país e exigiu respostas em uma ampla investigação sobre a truculenta ação policial. Um grupo de cerca de 25 membros do Partido Liberal fizeram uma manifestação em frente ao Consulado das Filipinas em Hong Kong para condenar o modo como foi gerida a crise dos reféns.

Alex Hofford/Efe
Grupo protesta em frente ao Consulado das Filipinas em Hong Kong contra ação da polícia em sequestro
Grupo protesta em frente ao Consulado das Filipinas em Hong Kong contra ação da polícia em sequestro

Após cerca de nove horas de sequestro do ônibus de turismo, a polícia de Manila furou os pneus do veículo, quebrou as janelas e entrou pela porta de emergência. Pouco depois, foi possível ouvir som de disparos.

A polícia disse ter reagido após Mendoza disparar seu fuzil M-16 contra os reféns. Em declarações a uma rádio local, o ex-policial ameaçou matar os reféns caso as forças de segurança se aproximassem. "Estou vendo muitos Swat (comando de intervenção). Sei que querem me matar. Todos têm que ir, senão farei o mesmo aqui a qualquer momento", disse.

Nesta altura, havia 15 reféns no ônibus. Outros nove reféns --mulheres, crianças e idosos-- foram libertados mais cedo por Mendoza --no que as autoridades haviam considerado um claro sinal de seu interesse em negociar.

O motorista do ônibus conseguiu escapar horas depois e relatou às autoridades que Mendoza estava ameaçando os turistas.

"O depoimento do motorista, combinado com as informações de que havia ferido os reféns levou à polícia a invadir o ônibus", disse Aquino, em comunicado.

No texto, ele diz ainda que vai explicar pessoalmente a Donald Tsang, chefe executivo de Hong Kong, todos os pormenores da operação e as instruções que deu para todo o cuidado com as três vítimas internadas, uma delas com um tiro na cabeça.

O governo filipino, que declarou um dia de luto como tributo às vítimas, se comprometeu ainda em investigar a ação das forças de segurança. "Vimos algumas deficiências óbvias em termos de capacidade e táticas ou procedimentos empregados, por isso vamos investigar", disse o chefe da polícia, Leocadio Santiago.

PROTESTO

Os políticos de Hong Kong transmitiram sua indignação ao representante das Filipinas no território chinês, o cônsul-geral Claro Cristóbal, que preferiu não comentar o caso.

Após o incidente, as autoridades de Hong Kong elevaram o nível de alerta para viajar ao arquipélago filipino ao grau máximo.

Em comunicado do porta-voz de Assuntos Exteriores chinês Ma Zhaoxu, publicado na madrugada desta terça pela agência oficial Xinhua, o governo chinês condenou o fato e anunciou que enviará um grupo de trabalho às Filipinas para tratar da repatriação dos corpos e de outras tarefas relacionadas ao fato.

O governo chinês evitou polemizar mais sobre o incidente, mas Tsang criticou na segunda-feira à noite o trabalho da polícia filipina no caso, que causou grande indignação na ex-colônia britânica.

Os internautas chineses, em vários fóruns na internet, lançaram duras palavras contra os policiais que participaram do resgate, a que culpam pelas mortes.

SEQUESTRO

Mendoza fez sinal para o ônibus parar no ponto histórico de Intramuros e depois declarou o sequestro quando o veículo chegou no Parque Jose Rizal, aproximadamente às 9h de segunda-feira (22h deste domingo em Brasília). Ele entrou no ônibus com seu uniforme de polícia e armado com um fuzil automático M-16 e outras armas de menor porte.

A gerente da agência de viagens Hong Thai Travel Services Ltd., Susanna Lau, disse que o grupo era de Hong Kong (China) e havia viajado em 20 de agosto para visitar Manila. Eles deveriam voltar à China nesta segunda-feira. Segundo Lau, havia um guia turístico de Hong Kong e 20 turistas do território --três crianças e 17 adultos-- no ônibus.

Mendoza exigia seu emprego de volta, um ano após ser demitido, segundo o chefe de polícia Rodolfo Magtibay. Ele queria ainda conversar com a imprensa filipina e pediu que seu filho, também policial, fosse levado ao local. Os pedidos foram escritos em pedaços de papel e colados nas janelas dos ônibus.

Segundo relatos dos jornais locais, em 2008, ele estava entre os cinco policiais acusados de roubo, extorsão e ameaças contra um chef de um hotel de Manila. O chef prestou queixa dizendo que os policiais estavam tentando extorquí-lo com ameaças de acusá-lo de usar drogas.

Gregório, irmão mais novo de Mendoza e também policial, disse que ele se sentiu injustiçado quando foi demitido. "Ele ficou desapontado que fazia um bom trabalho na polícia, mas foi demitido por um crime que não fez".

Horas depois de controlar o ônibus, Mendoza libertou duas mulheres, três crianças, um homem que sofre de diabetes e três filipinos --incluindo um guia turístico e um fotógrafo. O motorista do ônibus conseguiu escapar, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Quando a polícia invadiu o ônibus, Mendoza abriu fogo. Ele teria ferido ao menos um policial.

A ação acabou com a morte de oito pessoas (quatro mulheres e quatro homens), três feridos por tiros e quatro com ferimentos menores, todos eles cidadãos de Hong Kong.

 

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