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08/09/2010 - 10h37

Suposto mandante de massacre de 57 pessoas vai a julgamento nas Filipinas

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O herdeiro de um dos clãs mafiosos mais poderosos do sul das Filipinas, Andal Ampatuan Jr., foi a julgamento nesta quarta-feira pelo massacre de 57 pessoas ligadas a um clã político rival, em 23 de novembro de 2009. O caso chocou o mundo pela brutalidade dos assassinatos de várias mulheres e 32 jornalistas e ressaltou a força dos exércitos privados no país.

Ampatuan, filho de um dos maiores chefões da ilha de Mindanao, é acusado de comandar os cerca de cem homens armados que mataram o grupo que ia apresentar a candidatura de Ismail Mangudadatu a governador para as eleições de maio. Mangudadatu, que alegou ter recebido ameaças de morte dos Ampatuans, enviou sua mulher e outras parentes para a inscrição, na esperança de que o rival não feriria mulheres.

A audiência, que foi adiada há uma semana a pedido da defesa, começou rodeada de fortes medidas de segurança na sala especial de uma prisão situada nos arredores de Manila.

A primeiro testemunha a depor, um empregado do poderoso clã dos Ampatuan, disse ter ouvido os líderes do clã planejarem meticulosamente o massacre contra Mangudadatu, seis dias antes.

Lakmudin Saliao declarou que o patriarca do clã e ex-governador de Maguindanao, Andal Ampatuan, reuniu membros proeminentes da família para decidir como impedir que seu rival político se transformasse no próximo governador desta Província da ilha de Mindanao, uma das mais pobres do arquipélago.

Segundo Saliao, durante essa conversa, Ampatuan disse que se desfazer do rival era "muito fácil" e propôs matá-los todos. O objetivo inicial dos Ampatuan, ainda segundo Saliao, era assassinar o chefe do clã Mangudadatu, mas os planos mudaram quando ele decidiu não ir junto na inscrição.

Juristas apontaram que o julgamento se estenderá por vários anos em razão da complexidade do assunto, a estratégia usada pela defesa e a quantidade de testemunhas convocadas para depoimento, cerca de 500.

A lista de acusados inclui ainda o líder do clã Ampatuan e outro de seus filhos, Zaldy, que era governador da Região Autônoma Muçulmana de Mindanao, assim como 25 membros da mesma família e 16 policiais. No total, 196 pessoas estão envolvidas no massacre.

O início do processo passou por denúncias de entidades de direitos humanos e familiares das vítimas sobre casos de assédio às testemunhas e críticas às táticas dilatórias da defesa --que apresentou até quatro moções para inibir a juíza do caso, Jocelyn Reyes.

A organização Human Rights Watch pediu ao governo máxima proteção para as testemunhas, depois que cinco delas terem sido assassinadas nos últimos meses.

O senador Joker Arroyo, um dos mais comprometidos com os direitos humanos, disse esta semana que o processo pode durar até 200 anos diante da lentidão da Justiça filipina.

MASSACRE

No dia 23 de novembro, cerca de cem homens armados capitaneados por Ampatuan Filho sequestraram um grupo que iria formalizar a candidatura de Ismail Mangudadatu, inimigo do prefeito, para governador da província.

Os militares que perseguiram Ampatuan Filho descobriram valas comuns com 57 corpos, alguns decapitados e outros mutilados. Cadáveres de mulheres com sinais de terem sido estupradas também foram achados.

Entre os mortos, havia 30 jornalistas de meios de comunicação locais, além de advogados e um homem que os criminosos encontraram pelo caminho.

O massacre levou o governo filipino a decretar a lei marcial na Província e a lançar operações para desarmar os Ampatuan.

No último dia 8 de dezembro, a então presidente Gloria Macapagal Arroyo ordenou a dissolução das 132 milícias que operam no país, muitas pagas por políticos ou ricos fazendeiros. Arroyo, contudo, contou durante anos com o apoio do clã Ampatuan.

O atual presidente filipino, Benigno Aquino, que assumiu seu mandato em junho passado, anunciou seu compromisso com a defesa dos direitos humanos, mas até o momento não tomou nenhuma medida para acabar com a impunidade dos grupos armados financiados por chefes da máfia, muitos deles vinculados à política.

 

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