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13/09/2010 - 10h57

Diplomata iraniano que renunciou ao cargo pedirá asilo político à Finlândia

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O diplomata iraniano Hossein Alizadeh, que renunciou a seu posto na Embaixada do Irã em Helsinque neste fim de semana em protesto ao regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad, pedirá asilo político na Finlândia.

Alizadeh, que era o número dois da embaixada, anunciou sua renúncia para unir-se ao denominado Movimento Verde iraniano, que esteve por trás dos meses de protestos contra as irregularidades na reeleição de Ahmadinejad em junho de 2009.

"Já não me considero um diplomata que representa o brutal regime iraniano, agora sou um dissidente", afirmou à imprensa Alizadeh após tornar pública sua renúncia. "Eu não posso tolerar esta eleição fraudulenta. A situação ficou pior porque [...] meu povo está sendo morto".

O ex-diplomata iraniano adiantou que pedirá asilo político porque teme por sua vida e a de sua família e afirmou ter recebido e-mails ameaçadores. "No Irã me esperaria a pena de morte, apesar de aqui também estar preocupado com a minha própria segurança e a da minha família", confessou em entrevista coletiva.

Alizadeh garantiu ter provas de que existiu fraude nas eleições presidenciais, que reelegeram Ahmadinejad com 64% dos votos. "Sabemos que as eleições foram manipuladas e fraudulentas. Tenho evidências que foi assim e vou mostrar ao mundo inteiro", afirmou em entrevista ao canal de televisão finlandês YLE, sem dar mais detalhes.

Alizadeh é o segundo diplomata iraniano a renunciar e partir para a oposição. O cônsul iraniano na Noruega, Mohammed Reza Heydari, também abandonou seu escritório consular em janeiro, para pedir asilo político.

O diplomata diz ainda que é muito provável que seu gesto seja imitado no futuro próximo por outros diplomatas iranianos, já que muitos membros do Movimento Verde trabalham no Ministério de Relações Exteriores do Irã. "Acho que parte deles acabará renunciando".

A Embaixada do Irã em Helsinki se negou a comentar a decisão de Alizadeh.

Casado e pai de três filhos, ele é um diplomata de carreira que ocupou postos na Bulgária, Egito e outros países. Ele trabalha há 21 anos para o Ministério de Relações Exteriores do Irã.

PROTESTOS

Ahmadinejad foi reeleito com 29 pontos percentuais a mais do que seu principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi. O anúncio do resultado foi imediatamente questionado por adversários. Milhares de pessoas foram às ruas para pedir a recontagem dos votos em face das acusações de fraude.

Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos. Foi o período de maior agitação política no país desde a Revolução Islâmica, três décadas antes.

Imagens da repressão que se seguiu aos protestos correram o mundo, principalmente a partir de filmagens feitas por manifestantes em Teerã e em outras cidades do país. Jornalistas tiveram sua cobertura fortemente restrita durante os incidentes.

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.

 

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