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19/11/2010 - 09h42

Missão do Brasil no Haiti redobra cuidados com transmissão de cólera

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AMARO GRASSI
DE SÃO PAULO

O batalhão do Brasil na Minustah (missão da ONU no Haiti) redobrou os cuidados para evitar que algum dos seus 2.200 soldados seja contaminado pela epidemia de cólera que atinge o país.

Até a quinta-feira (18), nenhum caso da doença -que matou mais de 1.110 haitianos e infectou outros 18 mil- foi registrado entre brasileiros, que atuam sobretudo na capital, Porto Príncipe, e nos arredores.

O procedimento recomendado aos militares inclui medidas básicas de prevenção da doença, como lavar mãos e coturnos ao entrar no Brabatt (o Batalhão brasileiro) e não ingerir alimentos ou bebidas fora da base militar.

A cólera é provocada pela bactéria Vibrio cholerae, e o seu contágio se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados. A transmissão pode ocorrer pelas fezes ou vômitos de doente ou simples portadores da bactéria.

Alimentos podem ser contaminados por água, manuseio ou mesmo por moscas, e a orientação padrão é de que, em locais com casos da doença, os alimentos sejam sempre cozidos e a água fervida.

Os sintomas são diarreia e vômito, e o tratamento, a reidratação oral ou intravenosa.

Embora apenas dois casos tenham sido confirmados fora do Haiti, a expectativa é de que novas ocorrências sejam registradas nas próximas semanas e meses no exterior.

NOVO TERREMOTO

Para o pesquisador Luciano Toledo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, "não há dúvidas de que a epidemia de cólera será um novo terremoto do Haiti", numa referência à catástrofe que deixou mais de 250 mil pessoas mortas em janeiro.

"Espera-se que nos próximos 30 a 60 dias a situação ainda vá se agravar muito, porque ainda não atingiu a capital [com força]", disse o pesquisador, que fez doutorado sobre a transmissão de uma epidemia de cólera.

"Inexoravelmente, quando isso ocorrer, as consequências serão muito perversas." Segundo Toledo, o alastramento da doença pode ser comparado a um "tsunami".

"Possivelmente vai haver uma dispersão da cólera pelas Américas", disse. "Vai em sentido centrífugo, como tsunami, que vai atingir necessariamente muitos países."

O pesquisador traça ainda relação entre a transmissão da doença com rotas do narcotráfico, que tem no Haiti hoje importante entreposto.

Nesse sentido, afirma, os locais mais afetados seriam possivelmente países com trânsito da droga, principalmente na América Central e a divisa entre México e EUA.

BRASIL

Apesar da gravidade da situação, segundo Toledo, o Brasil, se for atingido pela doença, deverá sê-lo apenas em focos localizados, sobretudo devido ao trânsito de militares que integram a Minustah -portadores da bactéria sem sintomas também podem transmitir a doença.

Mas as consequências deverão ser limitadas, uma vez que as condições sanitárias brasileiras -que são o principal vetor do alastramento da epidemia- são muito superiores às haitianas.

O Brasil não registra casos de cólera já há cinco anos

 

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