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Família de cinegrafista morto no Iraque acusa Espanha de "conivência com delitos"
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DE SÃO PAULO
A família de José Couso, cinegrafista espanhol morto em ataque americano no Iraque, em abril de 2003, criticou nesta terça-feira a conivência do governo da Espanha em ocultar delitos e afirmou que abrirá processo judicial.
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Mais cedo, documentos diplomáticos americanos divulgados pelo site WikiLeaks revelaram que os EUA exerceram forte pressão sobre o governo e as autoridades judiciais espanholas para obter o arquivamento de três processos abertos no país contra os Estados Unidos ou militares americanos. Um dos casos era o de Couso, cinegrafista do canal de TV Telecinco, morto por disparos de um tanque americano.
"A embaixada dos EUA em Madri mobilizou importantes recursos nos últimos anos para frear ou boicotar as causas judiciais abertas na Espanha contra políticos e militares americanos", indicou o jornal "El País", que teve acesso antecipado a todos os mais de 250 mil documentos junto a outros quatro jornais.
"Sempre soubemos que existia conivência por parte do governo espanhol [...] sabíamos pelas pessoas boas que existem nos meios judiciais", disse Javier Couso, irmão do cinegrafista.
"Eu me pergunto agora onde fica nossa soberania nacional?", disse Javier Couso, que assinalou que a família iniciará ações legais contra o governo espanhol depois de analisar em profundidade os documentos relativos ao caso Couso no WikiLeaks e de comprovar sua autenticidade.
O CASO
Couso foi morto em 8 de abril de 2003, em um polêmico e notório ataque do Exército americano ao Hotel Palestina, lotado de jornalistas estrangeiros, em Bagdá, no Iraque.
A ação das tropas americanas matou também o repórter Taras Protsyuk, da agência de notícias Reuters.
Pedraz pediu ainda autorização ao Conselho Geral do Poder Judiciário para viajar ao Iraque entre outubro e novembro deste ano para a inspeção do local onde ocorreram os fatos, informaram fontes judiciárias.
Na época, o Pentágono alegou que as tropas viram foguetes sendo lançados da sacada do hotel, e por isso decidiram abrir fogo contra o prédio, que abrigava repórteres de vários países trabalhando para os principais meios de comunicação internacionais. As justificativas foram rechaçadas pelos jornalistas.
Três militares --o sargento Shawn Gibson, o capitão Philip Wolford e o tenente-coronel Philip DeCamp-- foram os responsáveis pelo ataque, lançado de um tanque de guerra posicionado próximo ao hotel.
Investigações dos EUA na época apontaram que os soldados agiram corretamente e o então secretário de Estado Colin Powell reafirmou que a ação era justificada, encerrando qualquer possibilidade de inquérito ou compensação às famílias das vítimas.
Em julho deste ano, contudo, a Corte Suprema espanhola ordenou à Audiência Nacional que reabrisse a investigação sobre a morte do repórter, ao considerar que os responsáveis pela estratégia bélica, de bombardeio sobre pessoas e bens protegidos em conflito armado, devem ser responsabilizados criminalmente.
O juiz espanhol Santiago Pedraz ordenou então a busca e captura dos três militares americanos.
Com agências de notícias
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